segunda-feira, 11 de abril de 2011

A construção do Homem no jovem Marx

VALE A PENA ACOMPANHAR O ESFORÇO TEÓRICO QUE BUSCA RETOMAR A EVOLUÇÃO DO JOVEM MARX, CUJA FORÇA HUMANISTA NÃO DEVE SER ABANDONADA EM NOME DE UM MARX ESTRUTURALISTA. ESTA TITUDE EMPOBRECE MUITO A CONTRIBUIÇÃO DE MARX PARA O PENSAMENTO HUMANO.
O QUE NÃO QUER DIZER QUE OS AVANÇOS POSTERIORES SÃO FUNDAMENTAIS PARA A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO CIENTÍFICO CONTEMPORÂNEO AVASSALADO POR UMA TEORIA DO CONHECIMENTO ATRAZADA ENQUANTO A MASSA DE CONHECIMENTOS EMPÍRICOS E TEÓRICOS QUE PRODUZ A REVOLUÇÃO CIENTÍFICO-TÉCNICA SE AGIGANTA A CADA DIA. PARABENS PELO ESFORÇO AOS COMPANHEIROS DA GRABOIS.ORG.







A construção do Homem no jovem Marx

Que papel desempenham as obras da juventude no conjunto da construção teórica de Marx?

Em seus primeiros estudos, feitos no Liceu de Triers, em 1835, Marx escreveu que “A diretiva principal que nos tem de guiar na escolha de uma profissão é o bem da humanidade e a nossa própria realização (...) A natureza do homem está estabelecida de tal modo que ele só pode alcançar o seu aperfeiçoamento se agir para a realização, para o bem dos seus contemporâneos”.

O pensamento de Epicuro se encaixava como uma luva nas construções teóricas dos jovens que lutavam, ainda no campo das ideias, contra o status quo prussiano e a vil subserviência a ele, cultivada pelos hegelianos de direita

Apetrechado do método feuerbachiano de inversão sujeito/predicado, Marx passou a estudar (e a criticar) a filosofia política de Hegel, e particularmente seus Princípios da Filosofia do Direito. Esse interesse pela política já vinha sendo desenvolvido desde o seu doutoramento.

Marx analisou cada um dos direitos fundamentais presentes na constituição francesa – os direitos à liberdade, à igualdade e à fraternidade – procurando responder no que consistiriam esses direitos.

Numa palavra: não podem abolir a filosofia sem realizá-la... o “partido teórico” tem na filosofia o seu ponto de partida, o seu complemento ideológico... Marx, portanto, apresentou um novo caminho que passava necessariamente pela unidade entre a teoria e a prática. Indubitavelmente, escreveu, a arma da crítica não podia substituir a crítica das armas, até porque potência material só pode ser abatida por potência material, ainda que também a teoria possa se transformar em potência material na medida em que se apodere das massas.

Nos Manuscritos Econômicos e Filosóficos, escrito em 1844, o humanismo de Marx adquire maior consistência. Não se trata mais aqui da defesa de um homem em geral, abstrato, mas de um homem concreto, histórico. Era um humanismo sob novo ponto de vista, o ponto de vista do proletariado revolucionário.

Não seria possível fazermos qualquer análise séria do desenvolvimento da concepção de mundo de Marx e de sua construção teórica sem analisarmos o contexto em que viveu (como o surgimento de um movimento operário autônomo), sua vida, as maneiras e os caminhos pelos quais o homem Marx se articulou com a realidade de seu tempo. É impossível conhecermos plenamente o "marxismo maduro" sem que ao mesmo tempo conheçamos seu processo contraditório de desenvolvimento, que inclui necessariamente as obras da juventude.


* Este ensaio foi escrito no final da década de 1980, portanto há mais de 20 anos. Muitas das opiniões aqui expressas não correspondem mais integralmente às posições atuais do autor. Mas, por oferecer uma visão panorâmica da formação intelectual de Marx, considero-o ainda bastante útil especialmente para as jovens gerações de combatentes sociais que conhecem pouco a vida e a obra de um dos fundadores do socialismo científico.

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