quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Acompanhando a crise mundial: Arturo Guillén

Arthuro Guillen es profesor de la Universidad Autónoma Metropolitana y es director de la Red euro latinoamericana Celso Furtado. Él trabaja muy intensamene en el estudio de la crisis junto con un excelente grupo de economistas que se dedica sobretodo al análisis de la cuestión financiera internacional y mexicana en particular. Vale la pena acompañar su trabajo con este estudio sobre la crisis actual del capitalismo mundial. Arturo se encuentra en Rio de Janeiro gozando de su sabático a invitación del Centro Celso Furtado. Haga clic aquí para acceder.

Lúcida nota de intelectuais africanos sobre a situação da Líbia

Que bela lição de lucidez, que mostra como a África é uma das maiores reservas morais da humanidade. A preocupação dos intelectuais africanos por manter uma ordem jurídica mundial justa e por deter a ação neocolonialista apoiada por intelectuais que se pretendem de esquerda como uma revolução social contra o ditador sanguinário.
Ai daqueles que pensam ignorar os povos africanos na construção de uma sociedade moderna civilizada, justa e humana. Ai dos que pretendem assaltá-la para arrancar-lhe suas imensas riquezas à custa de uma sanguinária intervenção militar e mediática (quantas mentiras já se detectou nesta campanha militar diante das quais os meios de comunicação ocidental tiveram que desculpar-se. Como pode ser que um tribunal penal internacional, criado para deter as ações contra os direitos humanos, não somente condena a priori governantes africanos ou eslavos, como assumem como sua responsabilidade notícias falsas sobre a prisão do filho de Gadafi!).
Que vergonha que os nossos meios de comunicação se encham de pronunciamentos contrários ao respeito pelo Itamarati ao direito internacional e se coloquem a favor da volta ao poder na Líbia daqueles que impunham a bandeira da monarquia, apoiados militar, econômica e moralmente pelas 3 monarquias que circundam o Líbano. Que terrível ver nas televisões “ocidentais” (sem nenhum protesto!) estes “rebeldes” soltarem da prisão 600 prisioneiros ligados à Al Quaida, quando se pretende mover uma guerra internacional contra esta organização, na verdade, cada vez mais fortalecida em todo o mundo árabe e norte-africano a partir das odiosas ações imperialistas na região. Seria possível aceitar estas condutas vergonhosas numa ação contra um país “ocidental”? Está se assegurando a paz e a democracia com estes bombardeios sempre “equivocados” matando crianças e civis. Espero que haja um mínimo de cordura para ler com isenção este manifesto magnífico dos intelectuais africanos.


Líbia, África e a Nova Ordem Mundial

11/8/2011, AllAfrica -- http://allafrica.com/stories/201108120282.html

11/8/2011, Carta Aberta dos Intelectuais Africanos
Rosebank, Johannesburg, África do Sul.


Nós abaixo-assinados somos cidadãos africanos comuns, todos imensamente condoídos e indignados, vendo que africanos como nós estão submetidos aos horrores da guerra, atacados por potências estrangeiras que claramente repudiaram a visão nobre e relevante inscrita na Carta das Nações Unidas[1].

A ação de escrever essa carta é inspirada por nosso desejo, não de escolher lados, mas de proteger a soberania da Líbia e o direito do povo líbio de escolher seus líderes e determinar o próprio destino.

A Líbia é país africano.

Dia 10 de março, o Conselho de Paz e Segurança da União Africana aprovou importante resolução (3) na qual se delineou o mapa do caminho para encaminhar a solução do conflito líbio, consistente com os deveres da União Africana nos termos do Capítulo VIII da Carta das Nações Unidas.

Quando o Conselho de Segurança da ONU aprovou sua Resolução n. 1.973, sabia da decisão da União Africana, anunciada sete dias antes.

Ao decidir ignorá-la, o Conselho de Segurança deliberadamente contribuiu para subverter a lei internacional, além de comprometer a legitimidade da ONU aos olhos dos povos africanos.

Desde então, por outros caminhos, tem ajudado a promover e aprofundar processo imensamente pernicioso de marginalizar a África entre as demais nações do mundo, também no que tenha a ver com solucionar os problemas do continente.

Indiferente ao que determina a Carta das Nações Unidas, o Conselho de Segurança da ONU declarou sua guerra privada contra a Líbia, dia 17/3/2011.

O Conselho de Segurança deixou-se manipular pelo que o International Crisis Group (ICG), em seu Relatório sobre a Líbia, de 6/6/2011[2], descreve como “matérias jornalísticas sensacionalistas segundo as quais o regime líbio estaria usando sua Força Aérea contra manifestantes”.

Assim (mal) informado, o CS-ONU aprovou a Resolução n. 1.973, que autorizava que se impusesse uma “zona aérea de exclusão” sobre a Líbia e que se tomassem “todas as medidas necessárias (...) para proteger civis e área populosas sob ameaça da Jamahiriya Líbia Árabe (...)”.

Assim, sobretudo, o Conselho de Segurança usou o conceito altamente controverso e sob o qual não há consenso entre os especialistas em direito internacional da “responsabilidade/direito de proteger”, chamado R2P, para justificar a intervenção militar de que trata o Capítulo VII, na Líbia.

Sob essa duvidosa cobertura, o Conselho de Segurança da ONU já cometeu longa lista de agressões que configuram a transformação desse Conselho em instrumento a serviço dos desejos dos estados militarmente mais poderosos dentre seus estados-membros.

Até agora, o Conselho de Segurança não conseguiu apresentar nenhuma evidência de sua autorização para o uso da força nos termos do Capítulo VII da Carta da ONU tenha sido resposta proporcional e adequada a uma situação que, na Líbia, e depois da intervenção militar, foi convertida em guerra civil.

Em seguida, o Conselho de Segurança ‘terceirizou’ ou ‘subcontratou’ a implementação de sua resolução para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), admitindo que essa aliança militar agisse como uma “coalizão de vontades”.

O Conselho de Segurança não cuidou de implantar qualquer mecanismo ou processo para supervisionar os ‘serviços’ do exército ‘subcontratado’, de modo a garantir que as provisões de suas Resoluções fossem completamente e satisfatoriamente atendidas.
Tampouco fez qualquer esforço para monitorar e analisar as ações da OTAN ‘subcontratada’.

O Conselho de Segurança permitiu que se estabelecesse um “Grupo de Contato” sem qualquer legitimidade e sem autorização legal formal – mais uma “coalizão de vontades” – que, de fato, desconstituiu a própria autoridade do Conselho de Segurança como autoridade competente para interferir no futuro da Líbia.

Confirmando essa desconstituição inadmissível, em reunião do dia 15/7/2011 em Istambul, esse “Grupo de Contato” “reafirmou que o Grupo de Contato continua como plataforma adequada e ponto focal de contato com o povo líbio, para coordenar a política internacional e ser um fórum de discussão do apoio humanitário e apoio pós-conflito”.

Dada a omissão do Conselho de Segurança, as duas “coalizões de vontades” – a OTAN e o “Grupo de Contato” –, de fato e para todos os efeitos, reescreveram a Resolução n. 1.973.

Assim, as tais “coalizões de vontades” abertamente assaltaram um poder que legitimamente só o Conselho de Segurança poderia ter e puseram-se a trabalhar para derrubar o governo líbio, golpe que passou a ser designado como ‘mudança de regime’. Para esse objetivo, passaram a usar da força e de todos os meios para derrubar o governo líbio – objetivo que absolutamente nada tem a ver com as decisões do Conselho de Segurança da ONU.

Mediante esses artifícios e sem qualquer atenção às Resoluções n. 1.970 e 1.973, aquelas “coalizões de vontades” atreveram-se a declarar ilegítimo o governo da Líbia e a proclamar um ‘conselho nacional de transição’ organizado em Benghazi como “legítima autoridade governante na Líbia”.

O Conselho de Segurança da ONU é hoje absolutamente incapaz de explicar como as decisões tomadas pela OTAN e pelo “Grupo de Contato” teriam algo a ver com a questão crucial de “facilitar o diálogo com vistas às reformas políticas necessárias para encontrar solução pacífica e sustentável” para o conflito na Líbia.

As ações de seus ‘subcontratados’ – a OTAN e o “Grupo de Contato” – converteram a ONU em parte beligerante no conflito líbio, desnaturando a Organização cujo papel só poderia ser de pacificador neutro e equidistante, igualmente, das duas facções armadas que disputam o poder na Líbia.

Não bastasse, o Conselho de Segurança optou por repudiar a lei internacional, ao deliberadamente ignorar o que determina o Capítulo VIII da Carta das Nações Unidas sobre o papel das instituições regionais legítimas.

A ‘guerra ao terror’ de George W. Bush contra o Iraque começou dia 20/3/2003. No dia seguinte, 21/3/2003, o jornal britânico The Guardian publicou um curto artigo assinado pelo conhecido neoconservador norte-americano Richard Perle, sob o título “Graças a Deus a ONU morreu. Seu fracasso abjeto só nos trouxe anarquia. O mundo precisa de ordem”[3].

Mas toda a arquitetura global do pós-Segunda Guerra Mundial, para manutenção da paz e da segurança internacionais centravam-se no respeito à Carta das Nações Unidas.

Hoje, o Conselho de Segurança da ONU deve saber que, pelo menos no que tenha a ver com a Líbia, atuou de modo que resultou em, e levou a, perder toda a autoridade moral para efetivamente presidir a discussão e o encaminhamento de processos criticamente importantes para que se alcance a paz global e se realize o objetivo da coexistência pacífica entre os povos do mundo.

Ao arrepio de tudo o que determina a Carta das Nações Unidas, o Conselho de Segurança autorizou e permitiu a anarquia que se abateu sobre o povo líbio.

Ao final disso tudo, o que se vê é que:

– muitos foram mortos ou aleijados;

– grande parte da infraestrutura do país foi destruída, o que empobreceu ainda mais o povo líbio;

– a animosidade e as fissuras que dividem o povo líbio foram aprofundadas;

– a possibilidade de chegar-se a um acordo negociado, inclusivo e estável tornou-se menor que nunca;

– a instabilidade aumentou em todos os países vizinhos da Líbia, sobretudo nos países do Sahel africano (Sudão, Chad, Niger, Mali e Mauritânia);

– a África herdará desafio muito maior e mais difícil no que tenha a ver com questões de paz e estabilidade e, portanto, afastar-se-á ainda mais da via do desenvolvimento sustentável; e

– os que intervieram para perpetuar a violência e a guerra na Líbia fixarão os parâmetros sob os quais os líbios poderão decidir sobre o próprio destino e, assim, tornarão ainda mais limitado o exíguo espaço no qual os africanos lutam pelo seu direito a autodeterminação.

Como africanos, antevimos um futuro em que seríamos atores relevantes num sistema de relações internacionais justas, confiando que a ONU realmente zelaria pelo seu direito legítimo de atuar como “as fundações da nova ordem mundial”,

O Relatório do ICG citado acima diz:

“O que se pode prever para a Líbia, mas também para todo o norte da África, é cada vez mais terrível, a menos que se encontre meio pelo qual induzir os dois lados envolvidos no conflito armado na Líbia a negociar um acordo que permita transição pacífica para um estado pós-Gadaffi, pós-Jamahiriya, e que seja estado considerado legítimo pelo povo líbio. Uma saída política é, de longe, a melhor solução possível, ante a dificílima situação criada pelo impasse militar.” 2

Quando Richard Perle escreveu em 2003 sobre o “fracasso abjeto da ONU”, reclamava contra a ONU ter-se recusado a curvar-se ante a ditadura da única superpotência mundial, os EUA.

A ONU assumiu aquela posição, porque estava consciente da, e inspirada por, sua obrigação de agir como verdadeira representante de todos os povos do mundo, nos termos de abertura da Carta das Nações Unidas: “Nós, os povos das nações unidas, resolvidos a preservar as gerações vindouras do flagelo das guerras...”1

Contudo, e tragicamente, oito anos depois, em 2011, o Conselho de Segurança da ONU abandonou qualquer compromisso com essa determinação.

Açoitado pela humilhante experiência de 2003, quando os EUA demonstraram que o único poder é a violência, o Conselho de Segurança decidiu que mais fácil seria submeter-se à violência dos poderosos, que honrar o dever de respeitar o soberano desejo dos povos – também das nações africanas, é claro. Então divulgou a mensagem de que aceitava nada ser além de instrumento nas mãos dos senhores da violência mais brutal, os mais brutais no sistema das relações internacionais, e que a violência, portanto, passaria a comandar a ordenação dos negócios humanos.

Como africanos, temos de levantar-nos e reafirmar nosso direito e nosso dever de determinar nosso destino, na Líbia e em qualquer outro ponto de nosso continente.

Exigimos que todos os governos, em todos os cantos do mundo, também na África, que almejem alcançar genuíno respeito dos governados, como nós, ajam imediatamente para reafirmar “a lei pela qual todas as nações possam viver dignamente”.

Exigimos que:

– tenha fim imediatamente a guerra de agressão da OTAN contra a Líbia;

– a União Africana seja apoiada para implementar seu plano para ajudar o povo líbio a alcançar a paz, a democracia, prosperidade para partilhada e a reconciliação, numa Líbia unida; e que

– o Conselho de Segurança aja imediatamente para cumprir suas responsabilidades, como definidas na Carta das Nações Unidas.

Os que desencadearam tempestade mortal de bombas sobre a Líbia não devem persistir na autoilusão de que o aparente silêncio dos milhões de africanos signifique qualquer tipo de aprovação à campanha de morte, destruição e dominação que aquela tempestade parece assegurar.

Estamos confiantes. Reemergiremos vitoriosos, por mais que façam os semeadores de morte dos mais poderosos exércitos do mundo.

Responderemos na prática da vida e como africanos. Em todos os momentos e pelos meios necessários, agiremos resoluta e deliberadamente para defender o direito de os africanos da Líbia decidirem o próprio futuro e, por essa via, defenderemos o direito e o dever de todos os africanos determinarmos nosso destino.

O Mapa do Caminho proposto pela União Africana[4] ainda é o melhor caminho para garantir a paz ao povo da Líbia.

[seguem-se 140 assinaturas de intelectuais, artistas, professores, religiosos, políticos e personalidades africanos]

[3] “Thank God for the death of the UN. Its abject failure gave us only anarchy. The world needs order”, 21/3/2003, Richard Perle, The Guardian, UK, em http://www.guardian.co.uk/politics/2003/mar/21/foreignpolicy.iraq1.
[4] “African Union proposes Libya roadmap to peace”, 10/4/2011, http://www.socialistunity.com/?p=7976 (em inglês).

Publicado texto de Theotonio dos Santos por Sunanda Sen

Sunanda Sen é uma das mais importantes economistas da Índia, hoje aposentada da Universidade de Cambridge mas muito ativa intelectualmente, tendo estudado em excelentes livros a dependência comercial e a expansão global do capital financeiro, prevendo com rigor a crise que vivemos desde 2007. Tentei a publicação em português de seus livros mas não encontrei editoriais interessados. Vejo com satisfação que ela vai publicar os trabalhos do encontro que fizemos em 2007 em Nova Delhi, com o apoio da UNCTAD, organização das Nações Unidas desqualificada em recente editorial do Globo, por defender os interesses dos povos que correspondem à maioria esmagadora da humanidade. Haverá um dia em que nossos meios de comunicação refletirão a verdadeira realidade do mundo contemporâneo e não este mundinho das minorias privilegiadas. Segue seu último e-mail confirmando a publicação do meu texto. Acesso ao meu texto em português através do link www.reggen.org.br. (textos para discussão). Para ler em inglês, clique aqui.


"Dear Professor Theotonio
We are happy to let you know that a reputed publisher, Orient BlackSwan ,is ready to publish the papers we had sent them for a review. This means that " Globalisation in Open Economies" will see the light of the day very soon.
We are sending back the paper you had originally submitted,for a close look on your ppart. In case we do not hear from you by October 15,we would take on the editorial task of finalising the manuscript, which will include your paper as well.
Please let us know if this should be OK with you and if you are still ready to contribute in this volume.
We are sorry for the enormous delay in the process of publication. Please bear with us, keeping in mind that the world of publication is not controlled by authors!
With best regards from the joint editors,

Sunanda Sen
Anjan Chakrabarty"

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Nova revista on-line: Crítica e Sociedade.

A CRÍTICA E SOCIEDADE - Revista de Cultura Política, ligada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e ao Núcleo de Pesquisa em Ciências Sociais (NUPECS) da Universidade Federal de Uberlândia, foi lançada no dia 24 de agosto e está já no ar. Para acessar, clique aqui.



segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Cinzas de Abdias Nascimento serão depositadas na Serra da Barriga‏

É necessário cultivar a memória de Abdias Nascimento, fundador do teatro experimental do negro, defensor da sua afirmação como cultura e como herdeiros da primeira grande civilização no Egito, fez a campanha do Jesus negro e outras desmistificações do euro-centrismo que domina nossa cultura "culta". Criador do Movimento negro do PDT e Senador da República. Militante das lutas por um Brasil e o um mundo plural que respeite a individualidade das várias civilizações, não propôs nunca uma dissolução da luta dos negros numa simples aspiração de igualdade com os brancos reivindicando a força cultural de suas complexas experiências históricas. Foi professor universitário nos EUA onde deixou uma marca muito forte.
Homenageamos a Abdias e sua luta e apoiamos a cerimônia de depósito de suas cinzas em Alagoas, terra de Zumbi dos Palmares.

Para ler sobre a notícia sobre a cerimônia do próximo dia 13 de novembro, clique aqui.

O Chile avança!

Há muito defendo a tese de que não é correto radicalizar as demandas e propostas de transformação imediata na América Latina e talvez em todo o planeta por que há uma consciência revolucionária se desenvolvendo que necessita contudo de um maior confiança nas suas possibilidades e na derrota das forças ditatoriais que implantaram o terror nos anos 60 a 80. Esta emergência que será superior aos anos de 68 e que se articulará com governos e experiências revolucionárias de poder começa a esboçar-se. Talvez o caso do Chile seja o mais importante pela forma radical na qual se enfrentaram as forças fascistas e socialistas neste país. O intermezzo liderado pela Concertação deixou todas as grandes questões em aberto. Começa-se agora a passar a limpo estes compromissos. Os artigos que seguem parecem indicar este desenvolvimento da situação.


Foto de Nicolás 15


Revolución social que avanza por Chile

Rocío Alorda

ALAI AMLATINA, 26/08/2011.- Miles de personas en las calles ha sido el principal síntoma de que el pueblo de Chile quiere cambios. Sus principales vías de expresión han sido las movilizaciones masivas que desde hace meses se realizan en el país, desde donde ciudadanos comunes y corrientes exigen transformaciones de fondo en un Chile marcado por las grandes desigualdades. Los motores de estas movilizaciones han sido estudiantes secundarios y universitarios, quienes desde hace tres meses mantienen vigoroso un movimiento social que ha logrado vincular y politizar a gran parte de la sociedad chilena.

Los días 24 y 25 de agosto se realizó el primer paro nacional del año, convocado por la Central Unitaria de Trabajadores, CUT, en donde el movimiento estudiantil apoyó masivamente participando en las diversas movilizaciones que reunió a cerca de 400 mil personas en todo Chile, reforzándose la unión entre estudiantes y trabajadores en la lucha por un país más democrático.

Una característica de las movilizaciones levantadas por los estudiantes es que lo que empezó como la lucha contra el lucro en la educación, se convirtió en una batalla contra las desigualdades estructurales que en Chile se han generado durante las últimas décadas por el neoliberalismo feroz instalado durante la dictadura. Esta pelea por un país más democrático e igualitarios ha tenido un apoyo transversal de la sociedad: trabajadores, ecologistas, feministas, pueblos originarios, campesinos, trabajadores del cobre, todos apoyan a los estudiantes.

“Algo muy importante para este movimiento es que nosotros no estamos por la defensa o reivindicaciones de carácter sectorial o gremial porque lo que queremos construir con la educación es un nuevo proyecto de desarrollo país y si hay algo que nos puede unir a todos en este momento es que ya no nos hace sentido este modelo de desarrollo, porque este modelo de desarrollo lo único que nos ha garantizado es un grosero enriquecimiento económico de unos pocos”, señaló en la última jornada del Paro Nacional, Camila Vallejo, vocera de la Confederación de Federaciones de Estudiantes de Chile, CONFECH.

La propuesta de los estudiantes es clara: garantizar constitucionalmente la gratuidad en la educación y democratización del sistema de educación superior.

El gobierno a la fecha ha presentado tres propuestas que aun no satisfacen las demandas de los estudiantes, y esto principalmente, porque no asumen ningún cambio estructural que se ha exigido. Sin embargo, los espacios de diálogo entre gobierno y estudiantes han sido nulos por la débil voluntad del ejecutivo para atender los requerimientos estudiantiles, los que han sido instalar temas de fondo de la sociedad chilena, tal como lo explica la vocera de los estudiantes universitarios.

“El pueblo chileno se cansó de eso y hoy día creemos que es necesario cambiar el sistema político, cambiar el sistema económico para que justamente la redistribución del poder sea más justa, la distribución de riqueza sea más justa y que tengamos condiciones dignas para desarrollarnos como seres humanos y eso hoy día no está garantizado, llevamos treinta años con este modelo y ya no da abasto”, señala Camila Vallejo.

El gran merito que ha tenido el sector estudiantil es levantar pública y masivamente una demanda que se arrastra desde hace años: poner fin al lucro en la educación y luchar por una educación gratuita y de calidad. Con sus formas creativas, lúdicas e inteligentes los y las estudiantes han logrado sensibilizar a toda la sociedad sobre la necesidad de que Chile cuente con educación para todos y todas y se acaben las desigualdades estructurales del país, cuestionando fuertemente la estructura política que rige a Chile a partir de una Constitución heredada por la dictadura y un sistema binominal que excluye a una diversidad de sectores políticos.

Por ahora la vía propuesta por algunos sectores sociales y apoyada por la Confech es realizar un plebiscito que permita a la sociedad en su conjunto decidir qué tipo de educación quiere para Chile y así permitir ampliar la discusión a todos los sectores de la sociedad.

Rocío Alorda, periodista, Marcha Mundial de las Mujeres.





Los estudiantes buscan terminar con la herencia de Pinochet

En Chile renacen los sueños de Allende

Víctor de la Fuente

www.lemondediplomatique.cl

Cientos de miles de jóvenes se manifiestan en las calles, algo que no se veía desde los años finales de la dictadura (1). Los estudiantes chilenos, en tres meses de masivas movilizaciones, cambiaron la cara del país y han puesto en una incómoda posición al gobierno derechista de Sebastián Piñera. La sociedad chilena despertó tras dos décadas en que estuvo semi adormecida, ya que de alguna manera se había conformado a la idea que no había otra alternativa que el neoliberalismo.

"Está terminando una etapa de la historia del país. Se inició hace más de veinte años y ha abarcado cinco gobiernos. Comenzó llena de esperanzas cuando los chilenos pusieron fin en 1988 a una dictadura. Más allá de sus logros, la etapa postdictatorial acumuló desesperanza y frustración. Las promesas no realizadas han consolidado una sociedad profundamente injusta", sintetiza un texto escrito por tres dirigentes de una nueva fuerza de izquierda (2).

¿Dónde quedó el ejemplar "modelo chileno", "el jaguar de América Latina"? Si hace cuarenta años, cuando el país era más pobre, la educación era gratuita, ¿qué ha pasado con el desarrollo y los altos índices de crecimiento?, ¿dónde está el dinero del progreso?, se preguntan los estudiantes.

El 28 de abril, presagiando el gran movimiento que se desataría en junio, se realizó la primera movilización nacional de universitarios, de planteles públicos y privados, contra el alto nivel de endeudamiento que deben asumir para acceder a la educación superior (3).

En mayo comenzaron a percibirse vientos de cambio cuando treinta mil personas manifestaron en Santiago, y varios miles en diversas ciudades, contra el proyecto HidroAysén, que busca instalar cinco mega represas en la Patagonia. Los opositores reaccionaron con rapidez en defensa del medio ambiente y en rechazo al gigantesco negocio de la multinacional Endesa-Enel, asociada al grupo chileno Colbún. Ese proyecto, respaldado por el gobierno y dirigentes de los partidos de derecha y de la Concertación (4), fue aprobado al margen de la opinión ciudadana, generando amplio rechazo en todo el país.

Poco antes se habían dado importantes movimientos regionales, como en Magallanes contra el alza del gas y en Calama por obtener beneficios de la producción de cobre en la zona, así como recuperación de tierras y huelgas de hambre de los mapuches. Luego se sumaron otras reivindicaciones, los damnificados del terremoto de febrero de 2010, que pasan su segundo invierno en viviendas de emergencia, los sindicatos del cobre que paralizaron las minas, las marchas por el derecho a la diversidad sexual, pero sin duda fueron los estudiantes secundarios y universitarios con masivas huelgas, manifestaciones y tomas de escuelas, exigiendo educación gratuita y de calidad, los que trasformaron la situación dando otra dimensión a las movilizaciones y arrinconando al gobierno de derecha.

Cuestionan el sistema

El movimiento estudiantil se lanzó contra las bases mismas del sistema neoliberal, reivindicando el rol del Estado y pidiendo que la educación no sea considerada una mercancía. Exigen terminar con el sistema educacional, basado en el lucro, que dejó la dictadura militar. La consigna más coreada ha sido: ¡Y va a caer, y va a caer, la educación de Pinochet!

Para lograr los cambios de fondo han planteado la realización de una Asamblea Constituyente que elabore una nueva Constitución. Los estudiantes también proponen que la financiación para la educación gratuita se haga a través de la renacionalización el cobre y una reforma tributaria (5). La solución del conflicto la buscan exigiendo más democracia, con la realización de un plebiscito para que la ciudadanía decida qué tipo de educación quiere el país.

Los estudiantes denunciaron a la prensa oficial que criminaliza las manifestaciones y realizaron duras críticas tanto al gobierno de Piñera como a la Concertación. Se tomaron el canal de TV Chilevisión, y también ocuparon las sedes de la ultraderechista UDI y del Partido Socialista.

Paralelamente renace con fuerza la figura de Salvador Allende, jóvenes disfrazados como el presidente socialista eran aplaudidos con entusiasmo en las manifestaciones, en las que aparecieron letreros como "Los sueños de Allende son posibles". Los discursos del presidente mártir, pronunciados hace 40 años sobre la educación y la nacionalización del cobre, batieron récords de visitas en internet (6).

El movimiento estudiantil se ha caracterizado por su claridad política y también por su masividad y persistencia. Ha sido unitario, con la participación de secundarios y universitarios, además de profesores, asociaciones de padres, Ongs y sindicatos. (7)

Al igual que en otras rebeliones en el mundo se han usado a fondo las nuevas tecnologías, pero quizás lo principal es que ha sido un movimiento democrático y participativo. Los estudiantes han buscado mantener una buena relación entre los liderazgos de los dirigentes y la participación de las bases, realizando asambleas donde todos opinan y deciden.

En la forma de las protestas han mostrado gran creatividad, cada día aparecían en las calles con una novedad: disfraces, bailes, imitaciones de suicidios colectivos, besos masivos, cuerpos desnudos pintados, carreras de días alrededor de La Moneda, imitación de predicadores, inmovilizarse en las calles, lienzos ingeniosos... Buscan así no sólo llamar la atención, sino también integrar a otros sectores y demarcarse de los hechos de violencia callejera. Incluso han reparado los daños causados al margen de las protestas, pintando fachadas de casas o juntando dinero para el propietario de un automóvil que resultó quemado.

La educación chilena

Si las movilizaciones han sido tan fuertes se debe también a lo injusto del modelo educacional chileno, implantado por la dictadura y desarrollado por los gobiernos civiles que la sucedieron.

En la enseñanza primaria y secundaria, en las últimas tres décadas hubo un boom de escuelas privadas o subvencionadas, que hoy día acogen al 60% de los alumnos. No existe una sola universidad pública gratuita ya que todas -tanto las públicas como las privadas- cobran altos aranceles, caso único en América Latina.

Menos del 25% del sistema educativo es financiado por el Estado y más del 75% restante depende de los aportes de los estudiantes. El Estado sólo consagra un 4,4 del PIB a la educación, bastante menos que el 7% recomendado por la UNESCO. Hoy existen 60 universidades en Chile, la mayoría privadas. Los estudiantes deben pagar entre 170.000 y 4000.000 pesos chilenos (250 y 600 euros) mensuales, en un país en que el salario mínimo es de 182.000 (menos de 300 euros) y el sueldo promedio 512.000 pesos (menos de 800 euros).

Esta situación hace que el 70% de los estudiantes chilenos utilice un crédito universitario. El 65% de los quintiles más pobres no termina su carrera universitaria por problemas económicos (8).

Según el sociólogo Mario Garcés se trata de un sistema perverso, que deja a miles de jóvenes chilenos de clase media y baja endeudados no bien terminan de estudiar, ya que los créditos universitarios se empiezan a pagar desde el primer empleo. Agrega que la educación dejó de ser un mecanismo de movilidad social en Chile y pasó a ser lo contrario: un sistema de reproducción de la desigualdad (9).

¿Por qué ahora?

Es cierto que hubo movilizaciones estudiantiles durante los distintos gobiernos de la Concertación, incluyendo la de 2006, bajo la presidencia de Michelle Bachelet, conocida como "La revolución de los pingüinos" (por el color oscuro del uniforme y el blanco de la camisa de los secundarios de colegios públicos).

Sin embargo nunca, en los últimos veinte años, las protestas fueron tan importantes como éstas. Durante dos décadas la Concertación administró el sistema intentando mantener el complejo equilibrio entre políticas de mercado y regulación estatal. Realizó algunas reformas, logrando disminuir los índices de pobreza y extrema pobreza, pero aumentando las desigualdades, dejando a Chile como uno de los 15 países más desiguales del planeta (10). Al comienzo la Concertación contaba con la positiva imagen de haber contribuido al término de la dictadura, pero el malestar y las críticas de la población se fueron acumulando y el endeudamiento de los estudiantes también. La injusticia del sistema se hizo flagrante con la llegada de un gobierno abiertamente de derecha, que maneja el país como una empresa.

Sebastián Piñera y los nuevos dirigentes llegaron con una concepción aún más clara de dejar la educación en manos del mercado, lo que colmó la paciencia, además los jóvenes -que no vivieron en dictadura- están menos influenciados por el anti-estatismo.

Los conflictos de interés también contribuyeron a la rebelión estudiantil ya que el propio Ministro de Educación, Joaquín Lavín era fundador y accionista de la Universidad del Desarrollo (11).

El descrédito de la clase política alcanza un elevado nivel. Todas las encuestas de opinión muestran una baja persistente en el apoyo a los partidos de derecha en el gobierno y también baja el apoyo a la hoy opositora Concertación.

Los jóvenes confían sólo en sus propias fuerzas y en la de los movimientos sociales, pero no en los partidos ni en las instituciones, rechazando la mediación de políticos e incluso de la Iglesia.

El gobierno, para enfrentar las movilizaciones, ha utilizado el diálogo y la represión, cargándose cada vez más hacia la criminalización del movimiento. La prensa oficial -es decir casi toda- ha sobredimensionado las acciones violentas, que se han producido al final de muchas manifestaciones, impulsadas por grupos marginales, algunos delincuentes e infiltrados, incluso policías, que han sido denunciados con videos y fotografías (12).

El 4 de agosto pasado ha quedado como "el jueves negro" para el gobierno. El presidente Sebastián Piñera dijo "todo tiene un límite" y el Ministro del Interior, Rodrigo Hinzpeter, negó el derecho a los estudiantes a manifestarse por la Alameda, como ya se había hecho habitual. La represión fue sistemática durante todo el día, siendo detenidos, según las propias cifras oficiales, 874 estudiantes. La respuesta de la ciudadanía no se hizo esperar y esa misma noche renacieron las manifestaciones callejeras, los "cacerolazos", en todos los barrios y ciudades de Chile. El gobierno, con su intransigencia, transformó la marcha en una Protesta Nacional, como en tiempos de la dictadura. Ese mismo 4 de agosto la influyente encuesta CEP le otorgó a Sebastián Piñera sólo un 26% de apoyo, la apreciación más baja para un presidente desde el regreso de la democracia (13).

Los estudiantes persisten en sus movilizaciones, rechazan las propuestas del gobierno de rebajar el interés del crédito y exigen un cambio radical del sistema. Se unen a los demás movimientos sociales, participan en el Paro Nacional del 24 y 25 de agosto y siguen pidiendo un plebiscito para que sean los chilenos los que decidan democráticamente. Sea cual sea la continuidad de las movilizaciones, ya nació una nueva forma de hacer política, desde los movimientos sociales. Los jóvenes chilenos están abriendo las grandes alamedas que mencionó Allende (14).

NOTAS:

1) La mayor manifestación desde 1990 fue la del Primer Foro Social chileno en 2004, contra la visita de Georges W. Bush, que reunió 70.000 personas. El actual movimiento, desde junio ya ha realizado cinco marchas con más de doscientas mil personas.

2) El pueblo contra las dos derechas de Jorge Arrate, Sergio Aguiló y Pedro Felipe Ramírez, miembros del Movimiento Amplio de Izquierda (MAÍZ). Publicado en la edición chilena de Le Monde Diplomatique, agosto 2011 y en www.movimientoampliodeizquierda.cl

3) Camila Vallejo, presidenta de la Federación de Estudiantes de la Universidad de Chile (FECH) y dirigenta de la Confederación de Estudiantes (CONFECH) www.camilapresidenta.blogspot.com

4) La Concertación por la Democracia es una alianza de centro izquierda, hoy compuesta por cuatro partidos (PS, PPD, PDC y PRSD) que gobernó los últimos veinte años.

5) La empresa estatal CODELCO nunca fue privatizada, pero la dictadura abrió la nuevas concesiones mineras a las empresas multinacionales y la Concertación siguió ese mismo camino. Hoy el 70% del cobre chileno es explotado por empresas extranjeras. www.defensadelcobre.cl


7) En cada barrio los vecinos juntan ayuda para los liceos tomados. Según los sondeos, el apoyo ciudadano a las movilizaciones estudiantiles se sitúa entre el 75% y el 80%. www.accionag.cl

8) Estudio sobre las causas de la deserción universitaria. Centro de Microdatos, Departamento de Economía, Universidad de Chile. www.microdatos.cl

9) Mario Garcés Durán, director de la Organización No Gubernamental chilena ECO Educación y Comunicaciones, en declaraciones a BBC Mundo.

10) PNUD: Informe Regional sobre Desarrollo Humano para América Latina y el Caribe, 2010. hdr.undp.org/es/informes/regional/destacado/RHDR-2010-RBLAC.pdf

11) El Ministro Joaquín Lavín tuvo que ser sacado del Ministerio de Educación, en pleno conflicto, el 18 de julio, aunque Piñera lo mantuvo en el gabinete como Ministro de Planificación. Ver también Franck Gaudichaud, "Botellas nuevas, vino viejo", edición chilena Le Monde diplomatique, mayo 2011



14) En su último discurso, el 11 de septiembre de 1973, desde La Moneda, Salvador Allende señaló "mucho más temprano que tarde, de nuevo se abrirán las grandes alamedas por donde pase el hombre libre, para construir una sociedad mejor"

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Recuadro 1

Los tres entierros de Allende

El 4 de septiembre de 2011, exactamente 41 años después de haber sido elegido Presidente de Chile, Salvador Allende será enterrado por tercera vez. La justicia chilena decidió investigar las causas de la muerte de 726 chilenos, entre ellos Salvador Allende, tras el golpe de Estado del 11 de septiembre de 1973, cuyos casos no habían sido tratados por la justicia. Tras los exámenes el juez Mario Carroza confirmó la tesis del suicidio de Allende. Este tercer funeral se realiza en momentos en que los sueños de Allende son reivindicados en las calles por los jóvenes chilenos.

Allende fue enterrado, por primera vez, la noche del 12 de septiembre de 1973 en una tumba anónima del cementerio Santa Inés de Viña del Mar, por un grupo de militares, sin ceremonia, en presencia de su viuda, Hortensia Bussi, que no pudo ver el cuerpo pues la urna estaba sellada.

Tras el término de la dictadura, los restos de Allende fueron enterrados una segunda vez, en un funeral público y oficial, en el Cementerio General de Santiago, el 4 de septiembre de 1990.

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Recuadro 2

La herencia de Pinochet hoy:

LA CONSTITUCIÓN:

En Chile rige la Constitución de 1980, aprobada mediante fraude en dictadura. Es una constitución antidemocrática, que ya ha tenido tres modificaciones negociadas entre la derecha y la Concertación, pero que continúa perpetuando un sistema electoral que impide la expresión de las minorías y no permite la realización de plebiscitos para que la ciudadanía pueda expresarse.

LA EDUCACIÓN:

En 1981 Pinochet reformó el sistema universitario, eliminando la educación universitaria gratuita.

En 1990, el 10 de marzo, el día antes de entregar el gobierno, Pinochet promulgó la Ley Orgánica Constitucional de Enseñanza (LOCE), que redujo el rol del Estado en la educación al de un mero regulador y delegó la enseñanza en el sector privado.

OTROS:

En 1980 la dictadura privatizó el sistema de jubilaciones, con el decreto ley 3.500, planeado por José Piñera, hermano del actual presidente Sebastián Piñera.

En 1981 se creearon las ISAPRES inciando el sistema privado de salud.

Los sistemas de jubilación y salud privados se han mantenido, acrecentando las desigualdades.

En cuanto a la prensa, incluso los diarios que existen hoy en Chile -todos de derecha- son los mismos que autorizó expresamente la Junta Militar en el bando 15, el 11 de septiembre de 1973: El Mercurio y La Tercera.


Víctor de la Fuente es el director de la edición chilena de Le Monde Diplomatique. www.lemondediplomatique.cl

Campanha Os Povos São Sua Memória / Campaña Los Pueblos Son Su Memoria‏, da FLACSO

O Brasil continua a situar-se nos setores mais atrasados da América Latina. Até agora não foi capaz de criar uma comissão da memória com atribuições bastante limitadas enquanto toda a região procura limpar seus novos regimes democráticos da presença dos representantes das ditaduras, do terror e da opressão. É muito importante a campanha da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais pela reconstrução da memória histórica do nosso país. Lembramos que apontamos o nome de Modesto da Silveira como legítimo representante das lutas contra o terror fascista no Brasil e nome fundamental para compor esta comissão.

Para saber sobre a campanha, clique aqui.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Plataforma unitária dos trabalhadores

É imperativo que os movimentos de trabalhadores unifiquem suas bandeiras de luta. A plataforma unitária de luta é um passo extremamente valioso. Vejam o resumo de suas propostas. Deve-se assinalar contudo a ausência de uma plataforma política mais geral que inclua uma reforma política que amplie o papel dos trabalhadores e do povo em geral na ação estatal e nas tomadas de decisão em todos os níveis (empresa, comunidade, parlamentos, orgãos de ação do executivo e dos usos dos recursos públicos), uma nova política econômica que viabilize a baixa da taxa de juros, a defesa das riquezas nacionais e o uso dos recursos do pré-sal para o desenvolvimento político e social do pais, assim como uma política de desenvolvimento econômico ambientalmente sustentável e socialmente conseqüente, que assuma a integração sul e latino americana como um objetivo central. A construção desta plataforma deve ser um próximo passo paa que o movimento unificado dos trabalhadores seja considerado uma proposta de gestão de toda a nação e não somente de seus interesses de classe.


JORNADA DE LUTAS DA VIA CAMPESINA
PLATAFORMA UNITÁRIA DA CLASSE TRABALHADORA


O processo de fragmentação das forças populares, democráticas e socialistas, que marcou a esquerda na última década, ainda não foi superado. No entanto, as bandeiras de lutas dos diversos campos políticos da classe trabalhadora apresentam bastante convergência. Os principais pontos dessa plataforma política são a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no orçamento federal para educação pública e gratuita e a mudança de modelo agrícola, com a proibição da utilização de agrotóxicos e a realização da Reforma Agrária. Apresentamos uma síntese dos principais pontos da plataforma política da classe trabalhadora.

Redução da jornada de trabalho sem redução salarial

A redução da jornada de trabalho, que deve ser votada neste ano na Câmara dos Deputados, é um dos instrumentos que possibilita aos trabalhadores participarem da distribuição dos ganhos de produtividade gerados pela sociedade. As inovações tecnológicas e organizacionais são conseqüências do acúmulo científico e do esforço contínuo de gerações e são, portanto, mérito de toda a sociedade. Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais teria o impacto potencial de gerar mais de 2,2 milhões novos postos de trabalho no país. A luta pela redução da jornada abrange também a limitação da hora extra, que pode gerar de 1,2 milhões de postos de trabalho (levando em consideração os dados de 2005).

10% do PIB para Educação

Os movimentos sociais, entidades do movimento educacional (professores, estudantes e funcionários) e as centrais sindicais fazem uma campanha para que o Plano Nacional da Educação (PNE), em discussão na Câmara do Deputados, garanta a destinação de 10% do PIB para educação. O Conselho Nacional da Educação (CNE) sugeriu, em maio, que a meta do investimento público em educação corresponda a 10% do PIB do país, ao contrário dos 7% propostos inicialmente pelo Ministério da Educação (MEC). Atualmente, o Brasil aplica cerca de 5% do PIB na área. O Jornal Sem Terra publica nesta edição artigo da professora Lizete Arelaro, da Universidade de São Paulo, sobre a campanha pelos 10% do PIB para educação.

Novo modelo agrícola, proibição dos agrotóxicos e Reforma Agrária

O Brasil precisa de um novo modelo agrícola, baseado na agricultura familiar e camponesa, que fixe as pessoas no meio rural, garanta terra, gere emprego e renda. Para isso, os movimentos defendem a desapropriação dos grandes latifúndios improdutivos (muitos em mãos do capital estrangeiro) para distribuir para assentamento de milhares de famílias acampadas. Além disso, uma nova política de crédito rural, mais acessível aos pequenos agricultores. O modelo do agronegócio é o jeito das grandes empresas estrangeiras controlarem a produção e o comércio agrícola, dos bancos ganharem dinheiro, em aliança com os grandes proprietários de terra e apoiados pela mídia. Ele concentra a produção, a propriedade da terra, expulsa os trabalhadores do campo, só produz para exportação, usa de forma intensiva máquinas e venenos que desequilibram o ambiente, fazendo do Brasil o maior consumidor mundial de venenos.

Por aumento de salários e melhores condições de trabalho

As campanhas salariais deste 2º semestre são importantes porque demonstram que o modelo econômico vigente não atende às necessidades dos trabalhadores. Essas lutas de caráter econômico ganham uma perspectiva de disputa de projeto político na medida em que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que aumentos de salários são inviáveis porque aumentariam a inflação. A queda do desemprego, a valorização do salário mínimo e os aumentos de salários de importantes categorias acima da inflação fortaleceram o mundo do trabalho. Em consequência, vivemos um período de aumento do número de greves, especialmente no setor privado, e de maior iniciativa política do movimento sindical.
Mudança na política econômica

O aumento da taxa Selic, do Banco Central, e o arrocho salarial como medidas para supostamente enfrentar a inflação beneficiam apenas a classe dominante e prejudicam o povo brasileiro. O modelo econômico do governo Lula, que a presidenta Dilma pretende continuar, baseado em crescimento econômico, acumulação do grande capital (especialmente do capital financeiro e empresas transnacionais) e distribuição de renda está chegando a um impasse. Entre janeiro e maio, o setor público (governo federal, Banco Central, Previdência Social, governos estaduais e municipais e das empresas estatais) desviou do povo brasileiro e reservou para o superávit primário R$ 64,82 bilhões. No mesmo período, foram pagos R$ 100,76 bilhões em juros aos portadores de títulos da dívida pública. Esse modelo comprometem a soberania nacional e inviabilizam políticas estruturantes.

Pelo fim do Fim do Fator Previdenciário e fortalecimento da Previdência Pública

O Fator Previdenciário foi aprovado em 1999, durante a Reforma da Previdência do governo Fernando Henrique Cardoso, para reduzir o valor dos benefícios previdenciários. Quanto menor a idade de aposentadoria, maior o redutor e, conseqüentemente, menor o valor do benefício. Com isso, o valor da aposentadoria paga pela Previdência Social passou a ser calculado com base na média aritmética dos 80% maiores salários de contribuição (corrigidos monetariamente) referentes ao período de julho de 1994 até o mês da aposentadoria. É sobre essa média que incide o “fator previdenciário”. Para as aposentadorias por tempo de contribuição, a aplicação do fator previdenciário passou a ser obrigatória e para aquelas por idade, tornou-se optativa sua aplicação.

Reforma Urbana

Mais de 5,5 milhões de moradias precisam ser construídas para acabar com o deficit habitacional, segundo dados de 2008 utilizados pelo Ministério das Cidades. As favelas e áreas em situação de risco abrigam 7 milhões de pessoas (esse número aumentou 42% nos últimos 15 anos, segundo análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O número de déficit habitacional aumenta com a inclusão das famílias que moram de aluguel, que estão em torno de 12 milhões de famílias (de acordo com o Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo-Secovi-SP). Só que a Reforma Urbana é mais ampla do que resolver o problema da falta de moradias, mas construir uma cidade que respeite e garanta o saneamento, acesso à infra-estrutura urbana, ao transporte, à saúde, à educação, à cultura, aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Wikileaks: EUA tentaram sabotar Amorim

Wikileaks: EUA tentaram sabotar Amorim

By admin – 17 de agosto de 2011

Documentos revelam: para desestabilizar ex-chanceler, embaixada norte-americana contava, principalmente, com o então ministro Nelson Jobim

Por Marina Amaral e Natalia Viana, em Publica

Aos olhos do serviço diplomático dos Estados Unidos, em especial durante a era Bush, a posição independente do Ministério das Relações Exteriores, capitaneado por Celso Amorim, hoje ministro da Defesa, parecia uma constante provocação. Nos telegramas vazados pelo WikiLeaks, o MRE é acusado de dificultar as relações bilaterais por suas “inclinações antiamericanas”, definidas por um ministro “nacionalista” e um secretário-geral “antiamericano virulento” (Samuel Pinheiro Guimarães), e secundado por um “acadêmico esquerdista” (Marco Aurélio Garcia), conselheiro de política externa do presidente Lula.

“Manter a relação político-militar com o Brasil requer atenção permanente e, talvez, mais esforço do que qualquer outra relação bilateral no hemisfério”, desabafava o embaixador John Danilovich, em novembro de 2004.

Foi ele que, numa reunião em março de 2005, tentou convencer Amorim da ameaça “cada vez maior” que a Venezuela representava à região. A resposta “clara” e “seca” do chanceler desapontou o americano:

“Nós não vemos Chávez como uma ameaça. Não queremos fazer nada que prejudique nossa relação com ele”. E cortou o assunto.

O sucessor de Danilovich, Clifford Sobel, teve mais sorte. O ex-ministro da Defesa Nelson Jobim era interlocutor contumaz do embaixador, a ponto de confidenciar sua irritação com o MRE, em especial com Pinheiro Guimarães. Tornou-se peça vital em uma estratégia diplomática americana que explorava a divisão dentro do governo em proveito próprio, como revelam os telegramas.

Em fevereiro de 2009, já com Obama na Presidência dos Estados Unidos, Sobel enviou uma série de três informes, sugerindo formas de contornar o triunvirato “esquerdista” da política externa brasileira. O jeito, afirma, seria fazer aliança com o setor privado, que tem “habilidade para conseguir aprovar iniciativas junto ao governo” e tentar uma aproximação direta com Lula e outros ministros que poderiam defender a causa americana.

Uma “estratégia testada”, afirma Sobel, citando entre outros exemplos o caso da transferência para o Brasil dos 30 agentes da DEA, a agência americana de combate às drogas, expulsos da Bolívia por Evo Morales no fim de 2008. “Apesar da recusa do MRE de conceder vistos aos agentes, conseguimos realizar a transferência com a ajuda da Polícia Federal, da Presidência da República e de nossas excelentes relações com o ministro da Justiça (Tarso Genro)”, gaba-se.

O segundo telegrama foca os minguados recursos humanos e financeiros do Itamaraty, apresentando-os como oportunidade para os Estados Unidos. Muitos cargos diplomáticos estavam sendo preenchidos por “trainees e terceiros-secretários” por falta de pessoal para as novas embaixadas brasileiras, observa o embaixador americano, acrescentando que seria “crucial influenciar essa nova geração”.

“Os franceses instituíram um programa de intercâmbio diplomático com o Itamaraty em 2008, semelhante ao nosso Transatlantic Diplomatic Fellowship, e agora têm um diplomata trabalhando no Departamento Europeu do Itamaraty. Uma proposta similar seria válida para conseguir um posto que nos permita observar de dentro esse ministério-chave e mostrar como os Estados Unidos executam sua política externa”, sugere.

No terceiro telegrama, Sobel afirma que, embora o MRE continuasse a ser o líder incontestável da política externa brasileira, o crescimento internacional tendia a erodir seu controle. Apesar da falta de hábito das instituições brasileiras em lidar diretamente com governos estrangeiros, alguns ministérios como o do Meio Ambiente e, principalmente, o da Defesa estabeleceram relações diretas com a embaixada norte-americana em Brasília, relata.

Um telegrama enviado em 31 de março de 2009, depois da visita do presidente Obama ao Brasil, dá um exemplo prático da eficiência dessa estratégia. Pedindo sigilo absoluto de fonte, o embaixador conta que Jobim pretendia contribuir com o combate ao narcotráfico na região, possivelmente através do Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS) criado pela União Sul-Americana de Nações (Unasul). “Ele disse que o CDS poderia ser o canal perfeito para conseguir o engajamento dos militares dos outros países sem passar pelo MRE”, escreve, acrescentando que o então ministro da Defesa estaria disposto a envolver os militares no combate ao tráfico nas fronteiras brasileiras. “O plano de Jobim sinaliza um grande passo, uma vez que o assunto é altamente sensível internamente, no governo, e para o público brasileiro”, comenta.

Também durante as tratativas frustradas de compra dos caças, Jobim e os líderes militares agiram longe do Itamaraty, como mostram os cerca de 50 telegramas sobre o tema. Em um deles, Sobel relata a visita da comitiva presidencial à França e comenta, com ironia, as reportagens da imprensa brasileira que afirmam o apoio de Lula, Amorim e Jobim à aquisição dos caças Rafale: “Talvez isso seja mais um marriage blanc do que amour veritable”, diz. E explica: “Nos encontros privados com o embaixador, Jobim minimizou a relação com a França e manifestou um claro desejo de ter acesso à tecnologia americana. O obstáculo é o Ministério das Relações Exteriores”.

Sobel também se reuniu com os comandantes das Forças Armadas para pedir “conselhos” sobre as chances de os caças da Boeing vencerem a concorrência de quase 10 bilhões de reais. Ficou entusiasmado com o resultado: “Os apoiadores mais fortes do Super Hornet (o F-18 americano) são as lideranças militares, em particular o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito”, relata em telegrama de janeiro de 2009.

O embaixador também obteve “uma cópia não oficial” de uma Requisição de Informações da Aeronáutica (passada eletronicamente para Washington), que “permite planejar os próximos passos para os Estados Unidos vencerem a negociação”. Além de garantir que o preço não seria o principal critério da escolha, o documento informa que a Embraer, “principal beneficiária de qualquer transferência de tecnologia”, consideraria “desejável a oportunidade de estabelecer uma parceria com a Boeing”, principalmente se houvesse “a intenção de oferecer uma cooperação adicional na área da aviação comercial”.

À luz dos telegramas do WikiLeaks, o relatório apresentado em janeiro de 2010 pela FAB ao ministro Jobim, colocando a aeronave sueca (Saab JAS 39 Gripen) como melhor opção, exatamente por causa dos custos, traz novas indagações. O Rafale francês foi classificado em terceiro lugar, atrás dos caças americanos, esse sim apontado como o de melhor tecnologia. Mas não era o preço que importava, não é?

Rafael Roncagliolo por su hijo: "Mi padre, el canciller", de Santiago Roncagliolo‏

Rafael Roncagliolo es un luchador, honesto y revolucionario. Representa una gran victoria de Ollanta nombrarlo como canciller. El testimonio de su hijo es una descripción realista y honesta de estos años de lucha tan duras y la necesidad de ajustarse a las nuevas condiciones de lucha. Muy bien Santiago.


Mi padre, el canciller


Rafael Roncagliolo fue el escogido por el presidente peruano Ollanta Humala para encabezar su Ministerio de Relaciones Exteriores en un momento crucial para las relaciones con Chile. Pero la historia del canciller con nuestro país tiene raíces más profundas y emotivas. Aquí, su hijo, el escritor Santiago Roncagliolo, comparte pasajes sobre la construcción política y el carácter del nuevo hombre a cargo de Torre Tagle.

Por Santiago Roncagliolo


Me llamo Santiago por la capital de Chile. Mi padre conoció a mi madre ahí, durante el gobierno de Allende, cuando él era dirigente estudiantil y creía que el mundo sería socialista y feliz. También conoció a un montón de gente que moriría poco después, tras el golpe de Pinochet. Mi nombre fue un homenaje a todos esos amigos que ya no estaban.

Como muchos niños de mi generación, crecí escuchando una canción de Pablo Milanés que hablaba de pisar las calles de un lugar ensangrentado. Pero en mi caso era peor, porque ese lugar se llamaba como yo.

***

Cuando yo era chico, creía que mi padre era un agente secreto.

Papá apenas hablaba de los años setenta, pero sus amigos solían contarme anécdotas sobre persecuciones, registros policiales y escapes épicos. Una vez, por ejemplo, papá se disfrazó de rico. Tenía que pedir asilo en la embajada de México, que estaba rodeada de retenes policiales. Así que se tiñó el pelo de rubio, se consiguió prestado un Mercedes, uniformó a un amigo como chofer y sentó al lado a otra amiga, que era argentina y también rubia, lo cual la convertía en una aristócrata muy verosímil. Con todo ese atrezzo, atravesaron los controles alrededor de la embajada.

Esas viejas historias solían incluir viajes. En alguna de ellas, papá vagaba por México sin un centavo, buscando trabajo. En otra, había aparecido en Finlandia y llamaba a los amigos a las tres de la mañana, muerto de nostalgia. Era como el personaje de una película de aventuras. Si alguien me preguntaba qué quería ser de mayor, yo respondía: "perseguido político".

Recuerdo de esos tiempos que él guardaba en un cajón varios pasaportes falsos. En uno de ellos tenía nacionalidad argentina y llevaba barba. Yo era muy chico, y las películas de James Bond eran para mayores de 14, así que mi idea de papá era una mezcla entre Facundo Cabral y el Superagente 86.

Afortunadamente, papá no era argentino de verdad, ni chileno. Quizá por eso está vivo, y yo puedo contar esto como una comedia, no como una tragedia.

***

Lo peor que le ocurrió a papá fue el exilio en México. Aunque en mis recuerdos eso tampoco estuvo tan mal.

Afortunadamente, papá no era argentino de verdad, ni chileno. Quizá por eso está vivo, y yo puedo contar esto como una comedia, no como una tragedia.

Mis amigos de infancia eran exiliaditos de todas partes: chilenos, argentinos, centroamericanos… En esa época, nadie tenía conciencia de pertenecer a un lugar u otro. Nuestras camisetas llevaban las mismas siglas políticas. Nuestros padres usaban barba y anteojos de carey. Todos sabíamos canciones de los mismos cantantes. Nos parecíamos demasiado como para sentirnos diferentes. Yo mismo me sabía peruano y hablaba con acento mexicano. Si tenía alguna identidad, era latinoamericana.

En México se incubó toda una generación de futuros políticos, y también de conspiradores. Estaba el actual director general de la OIT, Juan Somavía. Y el secretario general de la OEA, José Miguel Insulza. Pero también guerrilleros del MIR boliviano o montoneros.

Algunos de ellos han integrado gobiernos después en sus países. Otros están muertos o presos. O todas esas cosas juntas. En el caso de papá, su destino se decidió al volver a Perú, durante los años ochenta. Porque después de tanto hablar de revolución, en nuestro país se encontró con una. Y todo cambió.

Sendero Luminoso no sólo mataba a militares. También a líderes de izquierda, como la dirigente popular María Elena Moyano, cuyo cadáver fue dinamitado. O a campesinos, como ochenta pobladores de Lucanamarca asesinados a machetazos y pedradas. La violencia de esos años, entre un bando y otro, se cobró setenta mil víctimas. Sin ganas de pertenecer a ninguno, papá se mantuvo en la izquierda legal.

En 1985, su partido Izquierda Unida y el APRA de Alan García triunfaron en la primera vuelta de las elecciones generales. Ganase quien ganase, habría un gobierno de izquierda. En mi colegio religioso reinaba el pánico: mis compañeros anunciaban que se irían todos a vivir a Miami. Pero en mi casa se respiraba euforia. Y el partido era un avispero. Las posibilidades de vencer al APRA en segunda vuelta eran escasas, y todos debatían si valía la pena. Papá se pasaba gran parte del tiempo en reuniones, pero trataba de compartir su excitación con nosotros. Una noche llamó por teléfono y me preguntó:

-¿Tú qué opinas? ¿Vamos a la segunda vuelta o renunciamos?

-No sé, papá. Tengo diez años.

-¿Pero qué opinas?

-Opino que sí. ¡Retroceder nunca, rendirse jamás!

Ese era el título de una película de artes marciales que estaba de moda.

No pude dormir esa noche. Pensaba que acababa de decidir el destino de mi país. Pero al día siguiente el periódico traía la noticia de que IU renunciaba a la segunda vuelta.
En cierto sentido, para mí fue un alivio. Era demasiada responsabilidad.

***

La guerrilla peruana estaba condenada, pero la izquierda legal tampoco tenía mucho futuro. En la segunda mitad de los ochenta fracasaron las políticas económicas estatistas. La violencia alcanzó niveles de guerra. La corrupción no sólo aumentó, sino que bordeó lo hambriento. Por si fuera poco, cayó el muro de Berlín. De repente, era mentira hasta la ilusión.

En el entorno de mi padre, los antiguos barbudos se afeitaron y cambiaron sus anteojos por otros más delgados, menos revolucionarios. Muchos se convirtieron en empresarios y comenzaron a hacer todo lo que habían criticado hasta entonces. El índice de divorcios se multiplicó.

Mi padre mantuvo un vínculo con el partido cada vez más testimonial. En las elecciones de 1990 le pidieron que fuese candidato al Congreso, aunque no tenía ninguna opción de llegar. Se trataba sobre todo de llenar las listas de un partido en decadencia. Papá no hizo campaña ni mostró ningún interés por esas elecciones. El único recuerdo que tengo de ellas es que nos asignaron dos guardaespaldas. Mi papá se quejaba de lo caro que salía alimentarlos.

***

De todos modos, ese Congreso no duró mucho. El presidente Alberto Fujimori lo disolvió el 5 de abril de 1992. A partir de entonces fue dinamitando todas las instituciones democráticas, como el Poder Judicial o los organismos electorales.

Paradójicamente, fue eso lo que le devolvió a papá un lugar de interés en la política. Cuando comenzaron a surgir dudas sobre la limpieza de las elecciones fujimoristas, fundó un movimiento cívico de observación electoral llamado Transparencia.

Papá puede convertir lo que dices en exactamente lo contrario de lo que piensas. Y puede negociar durante horas sin perder la sonrisa, hasta sacarte de quicio. Pero siempre creerá en las palabras como medio para resolver los problemas.

La prensa fujimorista se le echó encima. Dijeron que la observación electoral era una estrategia de sabotaje. Una institución estatal, la Defensoría del Pueblo, montó otra observación electoral. Los periódicos oficialistas "destaparon" que mi padre había salido años antes con una funcionaria de la Defensoría. Sobre esa primicia, denunciaron la "telaraña roja", un supuesto complot comunista contra el sistema. A la esposa de mi padre, la campaña no le hizo ninguna gracia. Y a mí tampoco.

Sin embargo, para mi sorpresa, papá estaba tranquilo, incluso contento. Armado con una sonrisa, se enfrentaba a periodistas de televisión que parecían interrogadores policiales. Y tenía habilidad. Su argumento era indestructible: oponerse a unas elecciones limpias implicaba admitir que vivíamos en una dictadura. Pero sabía aprovecharlo sin pronunciarlo, dejando que sus oponentes se enredasen solos. Yo nunca lo había visto antes en un papel público. Y sólo entonces supe cuánto lo disfrutaba.

Acabado el fujimorismo, mi padre dirigió una iniciativa de Acuerdo Nacional para alcanzar un consenso de políticas de Estado a largo plazo entre todos los grupos políticos. De repente había encontrado su lugar en la política, y no era un escaño sino una mesa, donde todo el mundo se sienta a conversar.

***

Supongo que ese talante nunca lo favoreció como candidato. Un candidato siempre se mete en peleas, para ganarlas. El estilo de mi padre, en cambio, es entablar diálogos.

Esto no es necesariamente un elogio. Papá puede convertir lo que dices en exactamente lo contrario de lo que piensas. Y puede negociar durante horas sin perder la sonrisa, hasta sacarte de quicio. Pero siempre creerá en las palabras como medio para resolver los problemas. Y no solo porque le guste el debate. Ha visto a suficiente gente hacer las cosas a balazos, ha conocido la dictadura y la guerrilla, ha perdido a muchos amigos en manos de gente que creía salvar al mundo, y simplemente sabe que no vale la pena.

Algunos comentarios a la entrevista de Immanuel Walerstein

Algunos comentarios a la entrevista de Immanuel Walerstein(1)
¿Se puede comprender el caos?

Theotonio Dos Santos

ALAI AMLATINA, 18/08/2011.- Desde hace muchos años vengo discutiendo con Immanuel y un grupo de compañeros sobre esta situación que preveíamos, basados no solamente en los ciclos largos de Kondratiev. Con todo, tenemos que tener claro algunos puntos que aún resultan polémicos, incluso dentro de nuestro grupo de estudiosos del sistema mundial. Es necesario destacar dos cosas.

Primero, no estamos en una fase desfavorable del ciclo largo, estamos en medio de un periodo de crecimiento. Esto explica que a pesar de las dimensiones colosales de la crisis de la especulación financiera internacional, continúa habiendo crecimiento de la economía mundial. Este ciclo positivo deberá agotarse en aproximadamente 10 años cuando deberemos sustituir el actual patrón tecnológico mundial por un nuevo paradigma cuya introducción exigirá una destrucción masiva de gran parte de la estructura económica mundial y de las varias estructuras nacionales. En ese momento, la crisis actual parecerá un chiste y la idea de caos que maneja Immanuel se aproximará bastante de la realidad de este nuevo periodo.

Segundo, la desproporcionada intervención fiscal del gobierno estadunidense para salvar el sistema financiero actual es similar a la intervención del Japón en el comienzo de la década de 1990 para salvar los absolutamente inútiles bancos japoneses. Ella es peor aún porque los Estados Unidos, además de transferir recursos colosales al sistema financiero casi tan inútil como el japonés, tiene gastos insostenibles como las guerras sucesivas y como las "prevenciones" de guerras megalómanas con las que pretenden someter todo el planeta a su dominio.

Luego, los Estados Unidos no pueden más situarse como la gran "locomotora de la economía mundial", como viene ocurriendo ya en los últimos 10 años. Deberá tener un crecimiento mediocre junto con Europa. A pesar de que ésta podría tener una mejor situación se asumiera su destino euro-asiático y abriera sus economías, sociedades y cultura a una audaz aproximación con Rusia, China e India. Y a la vez, apoyara el sur de la Europa para conectarse fuertemente con Turquía, con todo el Oriente Medio, África y América Latina. Abajo el Atlantismo que destruye a Europa!

En cuanto a China, no tiene otro camino que usar sus dólares e incluso sus títulos de la deuda norteamericana para adquirir empresas en toda la economía occidental, utilizando los fondos soberanos que ya tiene y los nuevos que piensa crear. Su destino es convertirse en la principal fuerza económica (y financiera) del capitalismo mundial.

Valga la capacidad de la teoría económica no ortodoxa para comprender estas realidades y actuar sobre ellas. Feliz o infelizmente el capitalismo de estado de China y el de gran parte del llamado Tercer Mundo deberán dirigir la economía mundial a partir de un periodo muy corto. Estamos en plena transición para esta nueva fase.

Luchemos para que ese capitalismo de Estado esté sometido a fuerzas democráticas (es decir, las mayorías sociales y no las "élites" antidemocráticas occidentales, a pesar de sus discursos liberales).

Luchemos para encontrar regímenes políticos que permitan este diálogo constante entre los Estados y los pueblos. Las formas de representación electoral usadas en el Occidente están en plena degradación con un descontento de masas colosal, pues los grandes movimientos de masa del momento no son las rebeliones árabes y sí la ocupación de las calles europeas por las grandes protestas populares.

No extrañen el hecho de que las noticias monitoreadas por la gran prensa internacional no les dejen visualizar esta imagen. Hay toda una nueva agenda a ser desarrollada en esta nueva situación histórica. América Latina está haciendo un esfuerzo muy positivo en esta dirección. Ella incluye una drástica reforma de los medios de comunicación y una mayor comunicación Sur/Sur. Tenemos que pensar con energía, audacia y creatividad. Inmanuel Wallerstein es uno de los pocos que está en esta trinchera. (Traducción ALAI)

1) Wallerstein: Se vienen años de incertidumbre y caos mundial: http://alainet.org/active/48721

Retificação sobre local do velório de Antônio Barros de Castro

A notícia colocada no post anterior trazia uma imprecisão do G1: o velório está a ocorrer no Átrio, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, no Campus da Praia Vermelha.

Antônio Barros de Castro morre após desabamento de laje no Rio‏

A morte absurda de Antonio Barros de Castro é um choque para a inteligência brasileira. Ele era muito querido além de admirado pela qualidade do seu trabalho e pelas suas posições muito claras. Nestes últimos tempos estava trabalhando sobre a economia chinesa desde uma perspectiva que muito nos importa: as possíveis áreas de colaboração e de competição que pudesse ser base de uma politica industrial que tanto nos falta. Mais uma vez estava no coração das grandes questões de interesse do nosso povo. Discreto, aplicado, criador, inventivo, inquieto, generoso. Tudo de bom se juntava no velho amigo pois nos conhecemos durante o curso que a CEPAL deu na Universidade de Brasília em 1963. Desde então nos encontramos em várias oportunidades sempre com discussões profundas em função do avanço de seus trabalhos de pesquisa. Sua companheira Ana Célia foi sempre uma colega de inquietações e trabalho. Imagino seu sofrimento e me ponho à sua disposição para o que puder ajudar. Por enquanto coloco no meu blog esta notícia inesperada para os vários amigos comuns e os que não o conheciam.


Ex-presidente do BNDES morre após desabamento de laje no Rio


Antônio Barros de Castro estudava em casa na hora do desmoronamento.
'Ele foi embora deixando um vazio em nosso corações', disse filha.

Renata Soares Do G1 RJ


O economista Antônio Barros de Castro, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), morreu na tarde deste domingo (21) após o desabamento da laje da casa onde morava na Rua Icatú, no Humaitá, na Zona Sul do Rio.


Fachada da casa onde Antônio Barros de Castro morava na Rua Icatú, no bairro do Humaitá, Zona Sul do Rio (Foto: Renata Soares/G1)

Segundo relato de Ana Clara Barros, filha do economista, Antônio, que tinha 73 anos e era também professor emérito do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estudava em seu escritório quando aconteceu o acidente. "Minha mãe ouviu um barulho, mas não deu importância. Depois de 20 minutos, resolveu ir até o escritório e encontrou meu pai morto", disse a administradora de empresas, que mora em outro local.

Chorando bastante, ela destacou que ainda não está preocupada com as possíveis causas do desmoronamento: "Não queremos entrar no mérito do motivo do acidente. O que vale é a pessoa que ele foi. Todos os quatro filhos, a neta e a esposa o amavam muito. Infelizmente ele foi embora deixando um vazio dentro dos nosso corações", destacou Ana Clara, relembrando o cotidiano recente do pai, que conduziu o BNDES no governo do presidente Itamar Franco.

"Ele sempre foi uma pessoa muito estudiosa e ativa. Ainda dava palestras e escrevia artigos. Não à toa estava estudando quando a laje desabou", ressaltou a administradora.

Ainda de acordo com Ana Clara, o velório deve ser realizado nesta segunda (22), na capela do campus da UFRJ, na Ilha do Fundão, subúrbio do Rio.


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