quarta-feira, 23 de maio de 2012

A ameaça fascista no Terceiro Mundo: seus êxitos e fracassos

Chamo atenção dos leitores para o excelente colóquio que patrocina o Instituto de História da UFRJ. Participarei no segundo seminário. Será uma oportunidade para que os historiadores brasileiros conheçam minha contribuição sobre o tema. Eu posso dizer que iniciei o debate sobre o verdadeiro sentido do regime criado pelo golpe militar de 1964, no Brasil, ao negar sua origem social no latifúndio e nas forças comandadas pela burguesia exportadora conforme a opinião dominante na esquerda brasileira naquele momento. Chamei a atenção para o fato de que ele foi planejado e organizado pelo mais moderno capital internacional – o que chamaríamos em seguida de “companhias multinacionais” – que necessitava de um Estado modernizador a favor de um capitalismo de estado voltado para a implantação do monopólio internacional. Meu artigo publicado naquele momento na Revista Civilização Brasileira (n° 3, Julho de 1965) causou muito debate no Brasil e na América Latina (publicado pelo semanário uruguaio  Marcha, de ampla divulgação regional). Ele anunciava a tendência a uma fórmula fascista (caracterizada como um regime  de terror do grande capital) apoiada pelo sistema mundial imperialista. Mostrava ainda as contradições que encerrava em seus interior esta tentativa fascista que se generalizaria, como prevíamos,  em todo o chamado Terceiro Mundo. Era muito difícil conciliar as tendências nacionalistas de direita que mobilizavam a pequena burguesia fascistizante e a hegemonia imperialista que se chocava com este nacionalismo e conduzia a uma nova fase da modernização capitalista mundial que chamaríamos de o “ novo caráter da dependência” pouco depois.
Os leitores interessados podem ler este artigo em outras entradas deste blog. No final desta nota publico meu artigo sobre Socialismo ou Fascismo: dilema da América Latina que preparei para uma reedição do livro que prepara para publicação Nildo Ouriques em Santa Catarina (como a publicação desta edição demora muito decidi divulgar o prólogo que preparei para o livro onde defendo idéias que creio importantes na conjuntura atual). Aqueles que desejarem compreender a evolução desta experiência podem ler meu livro Do Terror à Esperança: Auge e Declinio do Imperialismo (Idéias & Letras, Aparecida, S.P. , 2004; Edição em castelhano pela Editorial Monte Ávila, Caracas, 2008. A editorial disponibiliza cópia do livro por internet para ser baixada gratuitamente, pode se clicar aqui para baixar). Acaba de sair também sua edição em mandarim ( língua oficial chinesa) pela editora da Academia de Ciências Sociais da China.



Chamada de trabalhos

Colóquio Internacional
O colapso das ditaduras: Sul da Europa, América Latina, Leste Europeu e África do Sul - História e Memória

Universidade Federal do Rio de Janeiro
22-26 de Outubro de 2012




Quase 50 anos depois do início do regime ditatorial no Brasil (1964) e 40 anos da Revolução dos Cravos (1974), que pôs fim à ditadura do Estado Novo em Portugal, um activo debate acadêmico tem sido levado a cabo sobre a natureza dos regimes políticos não democráticos do segundo Pós-Guerra. Tem-se discutido, sobretudo, a caracterização da forma como estes se extinguiram, entre 1974 (Portugal) e 1990 (África do Sul).

O Colóquio Internacional O colapso das ditaduras: Sul da Europa, América Latina, Leste Europeu e África do Sul - História e Memória pretende contribuir para este debate, lançando algumas questões que têm sido frequentemente dadas por resolvidas. Entre elas: há uma relação entre o fim das ditaduras na Europa do Sul e o subsequente fim das ditaduras na América Latina, Europa de Leste e África do Sul? Ou esta comparação não é historicamente válida? Há ou não uma dinâmica comum no fim destes regimes (mobilização social, impulso de democratização, papel dos militares)? Houve uma “terceira onda de democratizações»? Até que ponto os conceitos que têm sido usados – ditaduras, autoritarismo, fascismo, totalitarismo, bonapartismo, elites, transições democráticas, democratização, redemocratização etc. - são teoricamente mobilizáveis para explicar os processos históricos destas sociedades neste período?

O Colóquio Internacional O colapso das ditaduras: Sul da Europa, América Latina, Leste Europeu e África do Sul - História e Memória  se apresenta como um fórum para a discussão crítica dessas questões que, vistas da perspectiva da dialética ruptura/continuidade, podem ser apreendidas como um passado intensamente ativo. Assim, o colóquio receberá propostas sobre História do colapso das ditaduras no Sul da Europa, América Latina, Leste Europeu e África do Sul; Teoria dos regimes políticos e Memória das Ditaduras.



Call papers

International Colloquium
The collapse of dictatorships: Southern Europe, Latin America,
Eastern Europe and South Africa - History and Memory

Federal University of Rio de Janeiro
October  22-26  2012


Nearly 50 years after the beginning of Brazil's military dictatorship (1964), and 40 years after the "Revolução dos Cravos" (1974), which have put an end on the dictatorship of the Estado Novo in Portugal, an intense academic debate has been conducted about the nature of the dictatorial regimes of the Second Post-War, and especially about the characterization of how they have been extinct between 1974 (Portugal) and 1990 (South Africa).
The colloquium aims to contribute to this debate by raising some issues that have frequently been given by resolved, including: is there a relation between the end of dictatorships in Southern Europe and the subsequent fall of the dictatorships in Latin America, Eastern Europe and South Africa? Or is this comparison not historically valid? Is there a common dynamic between these regimens (social mobilization, impulse of democratization, the military's role)? Was there a "third wave of democratizations"?  What is the extension and the efficiency of concepts that have been used - dictatorships, authoritarianism, fascism, totalitarianism, Bonapartism, elites, democratic transitions, democratization, redemocratization etc. - to explain theoretically the historical processes of these societies in this period?
The International Colloquium The collapse of dictatorships: Southern Europe, Latin America, Eastern Europe and South Africa - History and Memory presents itself as a forum for critical discussion of these issues that, viewed from the perspective of dialectics break / continuity, may be perceived as a past intensely active. Thus, the colloquium will receive proposals on the History of the collapse of dictatorships in Southern Europe, Latin America, Eastern Europe and South Africa; Theory of political regimes and Memory of dictatorships.


Palestrantes convidados/ Guest speakers:

Alexandr Buzgalin, Universidade de Moscou;

Antonio Muñoz, Universidade de Lisboa.

António Simões do Paço, Universidade Nova de Lisboa.

Atilio Borón, Universidad de Buenos Aires.

Claire Cerruti, Universidade de Johannesburg, África do Sul.

Constantin Iordachi, Universidade do Centro Europeu, Hungria.

Edmundo Hernández-Vela Salgado, Universidade Nacional Autónoma de México.

Encarnación Lemus, Universidade de Huelva, Espanha.

Enrique Serra Padrós, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.

Fernando Rosas, Universidade Nova de Lisboa.

Jessie Jane Vieira de Souza, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil.

Manuel Garretón, Universidad de Chile.

Marcelo Badaró Mattos, Universidade Federal Fluminense, Brasil.

Paul Preston, London School of Economics, Reino Unido.

Procopis Papastratis, Panteion University, Grécia.

Raquel Varela, Universidade Nova de Lisboa.

Renato Lemos, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Ricardo Antunes, UNICAMP, Brasil.

Serge Wolikow, Maison de Sciences de l'Homme - Dijon, França.

Tamás Krauz, Universidade de Budapeste.

Theotônio dos Santos, Universidade Federal Fluminense, Brasil.

Valério Arcary, CEFET, Brasil.


Organização/ Organization:

Renato Lemos (Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil) – renato.lemos@globo.com
Raquel Varela (Universidade Nova de Lisboa, Portugal) - raquel_cardeira_varela@yahoo.co.uk
Carla Silva do Nascimento (Secretaria / Secretary) - csn.nascimento@gmail.com

Comitê científico/ Scientific committee:


Atílio Borón, Universidad de Buenos Aires, Argentina

Claire Cerruti, Universidade de Johannesburg, África do Sul.

Edmundo Hernández-Vela Salgado, Universidade Nacional Autónoma de México.

Encarnación Lemus, Universidade de Huelva, Espanha

Enrique Serra Padrós, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

Fernando Rosas, Universidade Nova de Lisboa.

Jessie Jane Vieira de Souza, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil.

Manuel Garretón, Universidad de Chile.

Marcelo Badaró Mattos, Universidade Federal Fluminense, Brasil

Paul Preston, London School of Economics, Reino Unido..

Procopis Papastratis, University Pateon, Greece

Raquel Varela, Universidade Nova de Lisboa.

Renato Lemos, Universidade Federal Rio de Janeiro, Brasil.

Tamás Krauz, Universidade de Budapeste.

  

Calendário / Calendar:

Ø  Submissão de propostas de comunicação (máx. 200 palavras / Papers submission (max. 200 words): 10 de maio a 10 de agosto de 2012 / May 10th  –  August 10th, 2012.

Ø  Aviso dos resultados / Notification of acceptance: July 20th, 2012.

Ø  Data limite para envio de textos a publicar nos anais / Deadline for papers to be published: 20 de setembro de 2012 / September 20th 2012. Os textos, com título, nome e e-mail do autor, devem ser escritos em tipo Times New Roman 12, espaçamento 1,5 e limitar-se ao máximo de 4000 palavras (incluindo espaços). / The papers, with name and e-mail’s author, should be no longer than 4000 words (including spaces) in Times New Roman, 12, line space 1,5.

Ø  Período de inscrição de ouvintes/ enrollment period for listeners: 10 de maio a 29 de setembro de 2012/ May 10th – September 29th, 2012. Valor/ value: RS 10,00.


Taxas de inscrição para apresentação de trabalhos / Conference Fees:


Ø  Professores/ Professors – €50 / R$ 120,00

Ø  Alunos de pós-graduação/ Master’s and Phd candidates – €25 / R$ 60,00

Ø  Alunos de graduação/ Graduation students – €10 euros / R$ 25,00

O pagamento será feito em moeda brasileira no local do evento. / Payment will be made in Brazilian currency at the event location.


Correspondência para/ Mail to: coloquiocolapsoditaduras@gmail.com  


Idiomas do colóquio: espanhol, inglês e português/ Languages of the colloquium: Spanish, English and Portuguese.

Haverá tradução simultânea do inglês para o espanhol e o português e do inglês para o português. / There will be simultaneous translation from English to Spanish and Portuguese and from English to Portuguese.


Programação Provisória / Preliminary Program

Abertura oficial/ Official opening
Diretor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro / Director of the Institute of History / Federal University of Rio de Janeiro.
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em História Social História da Universidade Federal do Rio de Janeiro / Coordinator of Pos-Graduate Studies in Social History of the Federal University of Rio de Janeiro.
Renato Lemos
Raquel Varela

Sessão/ session: O colapso das ditaduras/ The collapse of dictatorships
Paul Preston (Reino Unido)
Tamás Krauz (Hungria)
Theotônio dos Santos (Brasil)
Valério Arcary (Brasil)

Sessão/ session: As transições incompletas/ The incomplet transitions
Claire Cerruti (África do Sul)
Procopis Papastratis (Grécia)
Edmundo Hernández-Vela Salgado (México)

Sessão/ session: Mudanças de regimes na América Latina/ Changing of rules in Latin America 
Atílio Borón (Argentina)
Enrique Serra Padrós (Brasil/Uruguai)
Manuel Garretón (Chile)
Renato Lemos (Brasil)

Sessão/ session: A dimensão internacional na mudança de regimes políticos/ The international dimension in the changing of political rules
Antonio Muñoz – (Portugal)
António Paço (Portugal)
Encarnación Lemus (Espanha)

Sessão/ session: O colapso das ditaduras e os conflitos sociais/ The collapse of dictatorships and the social conflicts
Marcelo Badaró Mattos (Brasil)
Raquel Varela (Portugal)
Ricardo Antunes (Brasil)

Sessão/ session: Transições políticas e memória/ Political transitions and memory
Constantin Iordachi (Hungria)
Fernando Rosas (Portugal)
Jessie Jane Vieira de Souza (Brasil)
Serge Wolikow (França)

Sessão de encerramento/ Closing session
Fernando Rosas
Renato Lemos


Dia 22/10 (Segunda/ Monday) 

8:00-10:00 - Credenciamento / Credentials

10:15-11:45 - Abertura oficial/ Official opening 

12:00-14:00 - Almoço / Lunch

14:15-16:15 - Sessão – O colapso das ditaduras / Session – The collapse of dictatorships  

16:15-16:45 - Coffee break

17:00-19:00 - Sessão / Session

9:00-21:00 - Sessão / Session

23/10 (Terça/ Tuesday) 

9:00-11:00 - Sessão / Session

11:00-13:00 - Sessão / Session

13:00-14:30 - Almoço / Lunch

14:30-16:30 - Sessão -As transições incompletas / Session – The incomplet transitions

16:30-17:00 - Coffee break

17:00-19:00 - Sessão / Session

19:00-21:00 - Sessão / Session

24/10 - (Quarta/ Wednesday)

9:00-11:00 - Sessão / Session

11:00-13:00 - Sessão / Session

13:00-14:30 - Almoço / Lunch

14:30-16:30 - Sessão / Session

16:30-17:00 - Coffee break

17:00-19:00 - Sessão / Session

19:00-21:00  - Sessão - Mudanças de regime na América Latina / Session – Changing of rules in Latin America

25/10 - (Quinta/ Thursday)

9:00-11:00 - Sessão / Session

11:00-13:00 - Sessão – A dimensão internacional na mudança de regimes políticos / Session – The international dimension in the changing of political rules

13:00-14:30 - Almoço / Lunch

14:30-16:30 - Sessão – O colapso das ditaduras e os conflitos sociais / Session – The collapse of dictatorships and the social conflicts

16:30-17:00 - Coffee break

17:00-19:00 - Sessão / Session

19:00-21:00 - Sessão / Session

26/10 - (Sexta/ Friday) 

9:00-11:00 - Sessão / Session

11:00-13:00 - Sessão / Session

13:00-14:30 - Almoço / Lunch

14:30-16:30 -  Sessão / Session

16:30-17:00 - Coffee break

17:00-19:00 - Sessão -Transições políticase memória / Session Political transitions and memory

19:15-21:00 - Sessão de encerramento / Closing  session




SOCIALISMO OU FASCISMO:
O NOVO CARÁTER DA DEPENDÊNCIA E O DILEMA LATINOAMERICANO*

THEOTONIO DOS SANTOS**    


* Prólogo à edição brasileira do livro citado.
** Professor emérito da Universidade Federal Fluminense (UFF), Professor visitante nacional sênior da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Presidente da Cátedra e Rede da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas (UNU) sobre “Economia Global e Desenvolvimento Sustentável” (REGGEN).


Socialismo ou Fascismo: 
O Novo Caráter da Dependência e o Dilema Latino Americano.
                                                                 

Prólogo à Edição Brasileira


Em julho de 1965, depois do golpe de Estado de 1964 no Brasil, publiquei um artigo na Revista Civilização Brasileira (n.31) chamando a atenção  sobre a necessidade de analisar este golpe de Estado como parte um movimento histórico mais geral que introduzia  a ideologia fascista  na configuração de uma nova etapa histórica do capitalismo(1). A tese principal desse artigo afirmava que  o golpe de 1964 não era simplesmente, como se pensava, uma reação das forças sociais ligadas ao antigo modelo econômico primário-exportador  contra o avanço  da industrialização e dos novos protagonistas sociais que ela trazia através da “substituição de importações”. 
         
Portanto,  tratava-se de provar que ele não era simplesmente um golpe  militar reacionário  e sim uma nova etapa da dominação do grande capital internacional sobre nossa economia. Esta dominação impunha ao pais um modelo de desenvolvimento que aprofundava nossa dependência das corporações multinacionais, aumentava a concentração econômica e rompia mais ou menos fortemente com  o velho latifúndio improdutivo para implantar o capitalismo no campo, expandia uma urbanização dependente do capitalismo internacional, e aprofundava uma brutal exclusão ou, como dizíamos na época, uma marginalização social. Já naquele momento chamávamos a atuação para a dificuldade política de conciliar este tipo de desenvolvimento com a democracia. 
       
O projeto modernizador do grande capital internacional apelava para as elites modernizadoras e se sustentava no poder militar como o setor mais organizado e disciplinado destas elites.

Duas complicações saiam desta primeira aproximação de uma nova interpretação do golpe de 1964 que, como dissemos,  entrava em confronto mais ou menos claro com as análises dominantes do processo de desenvolvimento.

Primeiramente, ficava claro que estávamos antecipando no Brasil uma tendência internacional, que partia dos centros de poder mundial (comandada pelos Estados Unidos) e se expandia sobretudo nas regiões periféricas e semi periféricas  do sistema capitalista mundial. Inaugurava-se uma nova fase  política na qual o capital internacional e os capitais locais se uniam para garantir um processo de modernização profundamente anti-popular. Pouco tempo depois, nosso companheiro na direção da Política Operária (2),  Ruy Mauro Marini,  publicaria, no exílio ao qual fomos obrigados, no Chile, no México e outros países, sua análise do sub imperialismo brasileiro que reforçava este enfoque ao destacar que a expansão do capitalismo industrial  brasileiro dava origem à implantação do capital financeiro no país e criava em conseqüência a tendência à expansão imperialista. Contudo, esta tendência estava contida num contexto internacional no qual o Brasil estava subjugado ao domínio do capital imperialista internacional. Estas tendências imperialistas convertiam-se assim num subimperalismo que se refletia muito bem, politicamente, nas propostas geopolíticas do general Golbery do Couto e Silva, planejador principal,  dentro do Brasil, do golpe de 1964 e do regime que buscava impor no país. 

Nossas teses, desenvolvidas em comum posteriormente, colocavam a necessidade  de situar o movimento repressivo triunfante em 1964 no contexto da expansão do capitalismo mundial e como expressão de sua cara dependente e não nas interpretações que  o atribuíam às sobrevivências  do feudalismo  ou ao atraso econômico.

Em segundo lugar, apontávamos, uma vez mais, para a emergência de um movimento operário (3) e um movimento popular de novo tipo que tinha sua base social no avanço do capitalismo nos paises periféricos, particularmente na expansão do capitalismo industrial e financeiro nestas áreas da economia mundial.

Esta emergência de um novo proletariado  industrial, somada à crise do campesinato tradicional devido à introdução massiva do capitalismo no campo; a criação e expansão das populações chamadas marginais ou uma espécie de subproletariado nos grandes cenros urbanos; assim  como a afirmação de uma classe média sedenta  de modernidade e, em geral, dependente dos empregos gerados pelo desenvolvimento econômico (em particular o movimento estudantil refletia esta aspiração de jovens de classe média de converter-se em profissionais modernos, em consonância com o desenvolvimento econômico-social); dentro desta classe média a expansão dos corpos militares que se identificavam com estas aspirações modernizadoras; por fim, a posta em marcha de um movimento feminista que afirmava a libertação de mulher do passado patriarcal e sua Integração no projeto de modernização sócio-econômico em marcha, tudo isto formava um novo quadro socioeconômico que enquadrava as lutas sociais do período.

Contudo, este conjunto de forças sociais  emergentes não cabiam no medíocre caminho de um capitalismo dependente, concentrador e excludente. Elas tendiam a aliar-se com as reivindicações nacionalistas, socialmente avançadas, que a classe trabalhadora em ascenso impulsionava. Do lado da classe dominante, mesmo do novo setor industrial nacional,  se tendia à repressão e a garantir uma acumulação de capital subordinada  ao capital internacional, para conter o lado popular desta nova fase do capitalismo. Ao constatar a vacilação das classes dominante, erguia-se um processo de radicalização  política e social das amplas camadas populares e de importantes setores de classe média.

Estavam configurados assim os elementos do meu trabalho posterior que recebeu sua forma final no livro sobre Socialismo ou Fascismo: O Dilema da América Latina. O qual se articulou posteriormente com os nossos estudos sobre o novo caráter da dependência, ando origem à versão mais ampla que corresponde a esse prólogo, sob o título de Socialismo ou Fascismo: o Novo Caráter da Dependência e o Dilema Latino-americano.  

Trata-se de uma história intelectual profundamente implicada no processo socioeconômico que  pretendíamos explicar:

Depois de completar. no princípio de 1964, minha dissertação de mestrado no departamento  de Ciência Política da Universidade de Brasília, sobre Classe Sociais no Brasil: Primeira Parte os Proprietários (4), iniciei, quando – demitido na UnB e condenado pelo tribunal de exceção de Brasília a 4 anos de prisão,  me encontrava na clandestinidade em São Paulo, entre 1964 e 1966, um estudo aprofundado sobre a economia internacional que deu origem a um livro sobre a crise Brasileira que entreguei à Editora Civilização Brasileira, que  havia publicado meu primeiro livro (5) sobre Quais são os Inimigos do Povo,  com excelente  venda para época.  

Enio Silveira, diretor e alma dessa editora heróica, uma das poucas que continuava a editar literatura de esquerda sob o regime militar, me informou, um pouco antes do meu exílio em 1966, que o livro recebera 3 pareceres muito inusualmente contraditórios. Um parecerista o recomendava entusiàsticamente enquanto outro se opunha radicalmente à sua publicação e um terceiro se colocava neutro. Vetada assim a sua publicação no Brasil só fui a retomar o livro já no exílio, no Chile, em 1966. 

Foi nesta oportunidade que comecei a verificar que o processo antidemocrático  na política e contrário às reformas estruturais no econômico que se apresentava no Brasil era uma amostra do que  tendia a ocorrer  em toda a América Latina. O golpe de Ongania na Argentina apontava na mesma direção. Mais tarde pude observar que se tratava de uma tendência geral no Terceiro Mundo. Em 1966, a sangrenta derrubada  de Sukarno  na Indonésia  mostrava que esta tendência se apresentava cada vez de maneira mais dramática. A ultra direita  brasileira já anunciava  esta constatação e enchia os muros do país com as inscrições que chamavam a uma Jacarta no Brasil (tratava-se da capital da Indonésia, cujo golpe militar tinha assassinado perto de 1 milhão de pessoas).

Foi assim que pude elaborar a argumentação básica deste livro que  foi publicado primeiramente no Chile, e depois em edições clandestinas em toda América Latina (6). Em 1966, iniciei no Centro de Estudios Socioeconómicos da Universidade do Chile (CESO) uma ampla pesquisa sobre relações de dependência (7) e publiquei em 1967 um caderno  do CESO sobre O Novo Caráter de Dependência, no qual aprofundei muitas das teses incorporadas à primeira versão de Socialismo ou Fascismo. 

Dado o êxito deste livro, editores italianos me pediram para publicar uma edição mais ampla do mesmo. Assim resolvi unir os dois livros com várias modificações dando origem a um novo livro que assumiu o título de Socialismo o Fascismo: El nuevo  caráter de la Dependência y el Dilema Latinoamericano. Ele foi publicado em 1969 em Santiago do Chile pela editora PLA. Imediatamente se publicou na Argentina  uma edição da Editorial Periferia que se converteu  em texto básico da Universidade de Buenos Aires. Outras edições “ piratas” foram publicadas em vários países. 

Na Itália, este livro foi editado por Jaca Book sob o título de Strutura político/ economica della Crisi / latinoamericana, como parte da coleção “Saggi per una  conoscenza della transizione” Nesta coleção se reuniam  os livros  de Samir Amin, Hosea Jaffe, Andre Gunder Frank e outros que anunciavam um novo enfoque  da economia política,   capaz de  pensar um processo  capitalista  de acumulação mundial e conseqüentemente, um longo processo global de transição para o  Socialismo. Segundo a Nota da Edição do livro: “A face interna dos  países da América Latina não é, segundo o autor, uma  conseqüência de fatores externos e sim um modo peculiar de estruturação da acumulação em escala  mundial”.  Nesta nota editorial se chamava a atenção para dimensão global do meu enfoque e quanto ele é parte da articulação de uma teoria do sistema mundial que Inmanuel Wallerstein vai protagonizar na década de 70 e 80, sem deixar de reconhecer a sua  dívida para com os  trabalhos meus e de Andre Gunder  Frank (8) .

Já em 1977 Maria Patrícia Fernandez Kelly, da  Rutgers University, mostrava num numero especial de uma influente publicação dos cientistas sociais radicais norte americanos a relação  entre minhas reflexões  sobre socialismo ou fascismo e a teoria  do sistema mundial e mais especificamente, com as reflexões do grupo althuseriano (9).

Apesar de algumas incompreensões sobre a minha visão do fascismo em geral e particularmente  nas condições de dependência, Kelly termina  por aceitar que “ambos  trabalhos (o meu e o de Poulantzas) devem ser considerados como sérias tentativas de entender a organização interna das formações  sociais,  assim como dos fatores externos que  as afeta.  Poulantzas e  Dos Santos nos entregam informação sobre a dinâmica do capitalismo (e do imperialismo) desde uma perspectiva macroestrutural”  Ela esperava  que  aprofundássemos nosso  enfoque do imperialismo e do capitalismo mundial. Meu livro sobre Imperalismo y Dependência buscava preencher em parte esta lacuna e, da mesma forma, meus trabalhos posteriores sobre  a revolução  científico-técnica e a crise capitalista  mundial (10). 

Em 1978,  Enrique  Dussel, cuja  obra teórica vem ganhando dimensões cada vez mais profundas (11), me pediu para preparar uma edição mexicana de Socialismo o Fascismo, a qual se publicou neste mesmo ano (esgotando-se rapidamente). 

Estávamos no auge da bárbárie fascista na região. Pinochet no Chile e os militares de direita argentinos  aproximavam muito densamente nossa experiência  política do que havíamos  caracterizado  como um fascismo dependente. Por outro lado, experiências como o governo  Allende no Chile   nos aproximavam claramente  de uma perspectiva  socialista na região. Infelizmente, os dados reforçavam o perigo da ameaça fascista na região. Daí que eu afirmasse no prólogo à edição mexicana  que “ teria preferido mil vezes ter me equivocado”.

A edição mexicana, que serviu de base para esta  edição brasileira que ora prefaciamos, incorporou várias atualizações que buscavam desenvolver as teses centrais do livro. Hoje, 33 anos depois, parece que nossas análises teriam sido superadas. De um lado,  o Fascismo  foi desarmado por uma vasta frente que incluiu  a política  externa  norte americana. Contudo eu já anunciava esta tendência a partir de 1973. O governo  dos Estados Unidos e os seus formuladores da sua política internacional já começaram a duvidar das vantagens de sua política de governos militares de segurança nacional, desde 1968,  quando o grupo pró-estadunidense que comandava o golpe  de Estado no Brasil foi afastado do poder pelos chamados militares  nacionalistas de direita com “o golpe  dentro do golpe” em 1968. Para surpresa das camadas liberais e dos próprios golpistas,  a “eleição”  realizada dentro das forças Armadas para indicar o novo presidente escolheu o general Alburqueque Lima, considerado um nacionalista radical pro-peruano (12). A junta militar desrespeitou o resultado da consulta interna e rejeitou o general Albuquerque Lima com a cínica justificativa de que este general  tinha somente 3 estrelas e não podia comandar generais de 4 estrelas... 
        
Na verdade,  a autodesignada “revolução” revelou a existencia  de uma  corrente militar majoritária nacionalista, auti-imperalista  e até com tendências socialistas que se espraiava por toda América  Latina. Um exemplo:  o general Mercado Jarrin, criador do CINANOS, que pretendia criar um movimento ideológico popular dentro da revolução Peruana, em entrevista para o semanário Chile Hoy, no Chile de Allende, me indicou como a sua  principal influência intelectual. Este livro, Socialismo o Fascismo era um dos que circulavam na formação da elite militar peruana. Desta forma o general Velasco  Alvarado era líder, não só  de um processo de transformação social e econômico fundamental, mas pretendia levar às  últimas conseqüências o processo revolucionário que iniciara. O Pentágono não entendia o que passava. Diga-se de passagem que grande parte da esquerda latinoamericana também não entendia. 

Por isto o politólogo Einaudi veio analisar esta situação para a Rand Corpoation em 1969. Sua conclusão foi muito clara: as forças armadas  estavam em geral comprometidas  com objetivos de segurança nacional que entravam  em choque com as empresas  transnacionais cujos interesses fundamentavam a política e a ideologia da doutrina de segurança nacional do Pentágono. As forças armadas se revelaram assim um perigoso  aliado que  havia de fazer voltar aos quartéis. Os acontecimentos na Argentina precipitaram  estas constatações . A retomada  das Malvinas pelo  governo militar de direita foi respondida  com  decisão pelos Estados Unidos apoiando incondicionalmente  a ação  militar inglesa que retomou as Malvinas  com violência implacável.

A direita militar viu assim romper em pedaços sua base ideológica: a doutrina da segurança militar interamericana, criada pela ideologia norte americana. Como as forças populares haviam afirmado varias vezes a doutrina Monroe “ as Américas para os Americanos” que servira de base ao Acordo militar do pós  guerra era falsa. Os imperialistas estadunidenses eram aliados incondicionais de seus amigos dos paises desenvolvidos, onde estava a maior parte dos seus investimentos.

Estava lançada  definitivamente  a semente da discórdia. A direita militar saia do controle dos Estados  Unidos. Renascia o nacionalismo  militar  com Torrijos , no Panamá, com Torres na Bolivia  e tantos outros que pareciam fugir totalmente do controle norte americano. Segundo nossas análises, esta era a razão para o Estados Unidos buscar um novo rumo político na região. Surgiriam então os processos de “ abertura  democrática” que  tiveram no Brasil  sua prática mais coerente. Tratava-se de estabelecer processos de reforma   constitucional  controladas  que pregavam  o restabelecimento de “democracias” liberais com exclusão dos movimentos populistas, comunistas e socialistas. Contudo as “ aberturas” políticas não puderam  circunscrever-se  a este plano  “moderado”. Os processos políticos da região foram assumindo um caráter democrático cada vez mais radical e criaram-se as condições para  movimentos políticos  regionais muito mais à esquerda  do  que se pretendia. 

A Assembléia Constituinte de 1988 no Brasil , foi um começo de rebelião que conduziu no seu final a um reagrupamento da direita (chamado “ centrão”) que evitou  que se pusesse em prática grande parte das propostas constitucionais mais radicais. Foi  necessário uma nova união da direita com o centro para inviabilizar a  regulamentação de vários capítulos constitucionais.

Por toda parte se  preetendeu manter a região sob domínio deste tipo de frentes que teve na “Concertación” de Chile (união entre os socialistas e os democratas cristãos) um de seus modelos mais  recomendados . Um caso muito importante destas iniciativas neoliberais com lideranças de centro antes de esquerda e em aliança intrínseca com a direita encontramos no governo Fernando Henrique Cardoso no Brasil (1994 a 2002).

Os modelos foram contudo se rompendo pouco a pouco na década de 90 e, no início do novo milênio, o movimento popular retomou  a ofensiva na América Latina. 

A situação se fez mais grave na ponta do processo democrático latinoamericano: na Venezuela, que alcançara uma democracia aparentemente estável em 1958, aparece um líder militar com forte  suporte de massas que, eleito para presidente em 1998, depois de 4 anos de tentativas de negociação  de um processo de transformações moderadas mas conseqüentes enfrenta um golpe de Estado e vê-se na condição de radicalizar seu governo e retoma o socialismo como meta histórica. O comandante  Hugo Chávez inicia uma  polarização regional na  direção do socialismo, ideal que a direita e o próprio centro pensavam haver  eliminado. O líder republicano  Thiers  anunciou  o “fim do comunismo” depois que suas tropas (apoiadas pelos invasores alemães!) afogaram em sangue a Comuna de Paris. Quantos monarquistas não tinham já anunciado  o fim da democracia liberal  e da República com a derrota da Revolução Francesa, no principio do século XIX? Quantos agora não nos anunciam  o fim da história... e portanto do socialismo e da dialética? Quantos não anunciaram o fim do dilema entre socialismo ou fascismo?
  
Meus caros leitores brasileiros. Este livro não foi traduzido em português como a maior parte da minha obra  produzida no exílio. Não havia clima para estas análises  tão cruas e tão marcadas por um horizonte histórico pós-capitalista. As coisas começam a mudar numa América Latina que apresenta um quadro de forças  de esquerda em  ascensão,  enquanto medidas contra-revolucionárias avançam em várias partes anunciando confrontações perigosas para uma região que aspira sua unidade  e integração. Esta só será possível contudo num contexto de avanço democrático,  com a afirmação  da soberania nacional de cada país  e da independência   de toda região.

Socialismo ou Fascismo estão outra vez no horizonte ideológico  da região, talvez a leitura  deste livro ajudará  a compreender porque este quadro  se esboça  outra vez  no continente. Agora com mais força e profundidade, apesar de todos os recuos ideológicos  implantados  pelo terror  económico, político e intelectual que o chamado  “ pensamento único” neoliberal implantou, apoiado nas botas dos militares  que traíram seu compromisso patriótico (12). O nosso povo ressurge das cinzas  e se  coloca  outra vez no centro de nossa história, colocando-se mais além da ofensiva anterior,   pois a reação  não aceitou  as mais  moderadas conquistas das camadas populares e tem na  repressão o seu único  e definitivo instrumento  para  conservar  o poder. 

Queiramos ou não,  os ataques da direita conduzem ao radicalismo, fazendo ruir nossas esperanças de mudanças pacíficas sem maiores violências de ambas as partes. O importante é a união das grande maiorias e sua disposição de avançar firmemente para uma sociedade mais justa e humana. Os inimigos determinarão a forma que assumirá esta luta à qual os povos não podem renunciar como condição para garantir o futuro da humanidade.

Notas

(1) Theotonio Júnior, “A Ideologia Fascista no Brasil”, Revista Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, n° 3, os.51 à 64. Na primeira fase de minha atividade literária assinava Theotonio  Júnior. Somente a partir do meu exílio, em 1966, passei a assinar Theotonio Dos  Santos. Este artigo foi publicado em castelhano no semanario uruguaio Marcha, de  grande difusão em toda a região. 

(2) Em 1966, Ruy Mauro Marini  se exilou no México  depois  de sair da prisão , realizada  pelo  CENIMAR (inteligência da Marinha brasileira)  em 1965. Além da sua publicação no México foi editado no Chile na revista  do Partido Socialista Chileno.

(3) Ver Theotonio Júnior, “O movimento operário no Brasil”- Revista Brasiliense, n°  39, jan/fev. 1962.

(4) Este trabalho só foi editado em espanhol pelos estudantes da Universidade de Concepción, no Chile, em 1966. Contudo, sua versão em português circulou clandestinamente no Brasil .

(5) O meu livro sobre Quais são os inimigos do povo, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1963 resumiu em grandes parte os estudos realizados para a produção a minha dissertação  de mestrado .

(6) Tenho em minhas mãos a edição peruana mimeografada de 1969 que me presenteou José R. Bessa, em 14/05/1996. Era uma edição  conjunta dos estudantes de medicina de Universidade de São Marcos (da qual recebi o doutorado honoris  causa em 2009) e do centro  federado de estudante  de Ciencias  Sociais  de Universidade  Católica. Tenho informações sobre várias edições  clandestinas na região mas não disponho de exemplares das mesmas. Um  artigo que  resume minhas teses neste livro foi editada  em inglês pela revista Insurgent Sociologist,  da Universidade de Oregon,   e amplamente divulgado .

(7) A equipe de pesquisa  sobre as relações  de dependência  e os pesquisadores que se  reuniram através dela no CESO (Vânia Bambirra, Orlando Caputto, Roberto Pizarro, Sergio Ramos e outros) produziram vários  livros que marcaram com grande força  as Ciências Sociais na América Latina e em todos os continentes. Vejam o balanço que realizei sobre este período no livro Teoria  da Dependência: Balanço e Perspectiva,  Editora Civilização Brasileira, Rio  de Janeiro , 2000.

(8) Veja-se meu artigo para o Festschrift for Immanuel Wallerstein, Part 1, Journal of World Systems Research, vol. VI, number 2, Summer/fall, 2000, sob o título de “World System: on the Genesis of a Concept”. Devo assinalar a recepção extremamente favorável de Immanuel a este artigo.

(9) Veja-se o artigo de Maria Fernandez Kelly, “Dos Santos and Poulantzas on Fascism, Imperialism and the State”, The Insurgent Sociologist, Vol. VII, n°2, Spring, 1977.

(10) Sobre a economia política da Revolução Científico-Técnico publiquei vários livros  e trabalhos: Forças produtivas e relações  de produção, Vozes  Petrópolis,1983, Revolução científico  técnica  e capitalismo contemporâneo, Vozes, Petrópolis,1986, Revolução cientifico–técnica  e acumulação de capital, Vozes, Petrópolis, 1986, "Revolução científico  Técnica, Divisão Internacional do Trabalho e o sistema econômico mundial", Cadernos Ange, Vitória, 1984.

(11) A presente edição em português se traduz desta edição atualizada: Theotonio Dos Santos, Socialismo o Fascismo: el nuevo carácter dela dependencia y el dilema latinoamericano, Edicol, México, 1978.

(12) Veja-se meu livro Do Terror à Esperança: Auge e Decadencia do Neoliberalismo, Idéias & Letras, Aparecida, 2004. onde analiso em detalhe e creio em profundidade a experiência histórica do pensamento único.

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