quinta-feira, 17 de março de 2016

EXCELENTE BALANÇO DO INSTANTE QUE VIVEMOS E SUAS BASES ESTRUTURAIS

(Mal)dito instante

 

Gisálio Cerqueira Filho e Gizlene Neder

 

O recente pedido de prisão preventiva de Luiz Inácio Lula da Silva precipita os acontecimentos, encurta o tempo histórico e converte a conjuntura política em ‘conjuntura do instante’.
 


O Brasil vive um momento dramático, sem maiores exageros. Os cientistas políticos ultimamente distinguem o instante, diferenciando-o das análises estruturais da conjuntura.

Nesta pesam os aspectos econômicos, políticos, jurídicos, históricos. No instante (político) pesa um fato qualquer capaz de galvanizar corações e mentes já puxadas para acontecimentos que por si só são desoladores (desemprego, inflação, crise do PIB, decréscimo da atividade econômica, crise política etc.).

Na atualidade brasileira, o momento sobressai pela potência dos fatores envolvidos: a corrupção, chamada ontem de “mar de lama” (Governo Vargas) e a “subversão da ordem” (Governo João Goulart), para ficarmos nos últimos 70 anos, justificaram as intervenções de 1954 e 1964.

De fato, elas esconderam o quanto as forças populares e os pobres capitaneados por Getúlio Vargas (PTB), Leonel Brizola (PTB, depois PDT) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) agregaram legitimidade à democracia brasileira.

Nem sequer concluímos a transição do regime militar para o Estado Democrático de Direito e já há aqueles que postulam nas ruas, na mídia, e no sistema judiciário, o afastamento peremptório dos pobres: nada de bolsas-família e correlatas, nada de pobres nas universidades, nada de políticas sociais inclusivas, nada de acesso dos brasileiros menos aquinhoados ao sistema de crédito e menos ainda ao mercado consumidor, nada de direitos para empregadas domésticas, nada de manutenção ou extensão de direitos, sejam previdenciários, sejam trabalhistas; nada de educação fundamental universal de tempo integral e laica etc. etc.

André Singer diz que soluções que deixam a base da sociedade sem opção têm voo curto (alguns cientistas sociais falam em “voo de galinha”, voo baixo e curto para contrastar com “voo de águia”, longo e altaneiro). E é para este atoleiro que o tradicionalismo, o elitismo e o conservadorismo das forças políticas brasileiras querem levar os brasileiros pobres e remediados.

Mas isso não é tudo. País de bacharéis, acabamos por encontrar na judicialização dos conflitos sociais uma suposta solução para a resolução do Conflito. Cada vez mais o aparelho judiciário é convocado a agir, numa doce ilusão que tudo será resolvido nesta instância. Que responsabilidade decisória para juízes, desembargadores, ministros dos tribunais superiores!…

Neste contexto, há de incidir a inflexão do instante político brasileiro, pois o recente pedido de prisão preventiva de Luiz Inácio Lula da Silva precipita os acontecimentos, encurta o tempo histórico e converte a conjuntura política entendida nos termos tradicionais em “conjuntura do instante” (político), como sugere Javier Cercas no seu livro “Anatomia do instante” sobre a transição política na Espanha, então ainda fortemente influenciada pelo “franquismo”.
Não se trata apenas de uma demanda por prisão preventiva que pede uma resposta com certa urgência, muito menos da discussão sobre a aceitação do processo propriamente dito com relação à imputabilidade penal por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

A questão aqui é, como sugere o jurista Joaquim Falcão, o debate, correlato àquele da saída do franquismo em Espanha, com relação ao livre direito de expressão e manifestação que o cidadão tem no Estado Democrático de Direito. Ou ainda do efetivo direito à liberdade de associação. Inclusive de usar o patrimônio político (seja nacional ou internacional) em sua própria defesa fora dos autos?

Inspiremo-nos no exemplo da Turquia contemporânea no que concerne à relação do Estado com a imprensa. Ou pensamos que a imprensa hegemônica pode ser a única detentora do direito à liberdade de imprensa traduzindo o pensamento único na economia para o campo da comunicação? “Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”; acautelemo-nos todos, pois “pau que bate em Chico bate em Francisco”.

Ainda que estejamos falando da “anatomia” de um instante singular, não podemos nos resignar ao exclusivo dos cliques dos promovidos pelas novas tecnologias de informática e redes sociais. Mas elas devem ser levadas em conta, e não devemos deixar de lado as novas gerações; aquelas que não viram 1954, 1964, 1988. Vamos à História para entender melhor o abismo a que as forças conservadoras estão empurrando o país.

Aqui, uma primeira advertência: uma das tarefas de maior empenho do regime ditatorial civil-militar dos anos 1960-70 foi a construção do PENSAMENTO ÚNICO.

Trata-se de uma intervenção institucional profunda, mesmo que, como era de se esperar, não tenha sido plenamente exitosa; caso contrário, nem teríamos a reorganização do campo democrático plural, divergente e vigoroso como temos hoje.

O pensamento único, monolítico, fundado no autoritarismo moderno (desenvolvimentista, nacionalista e empreendedor; envolto na ideologia da segurança nacional), foi esculpido cuidadosamente nos currículos de formação estratégica como: a Escola Superior de Guerra (ESG), as Escolas de Alto Comando e Estado Maior da Forças Armadas, as Academias Militares, inclusive das Polícias Militares, as Faculdades de Direito, as Faculdades de Comunicação, e as de Educação.

Identificar e reconhecer este fato é importante para entendermos como um esforço de democratização das instituições policiais feito pelos constituintes do campo democrático em 1988, que criou o Ministério Público para acompanhar, conter os arbítrios do judiciário e das polícias, torna-se ele próprio instrumento de arbítrio em que as práticas jurídicas antigas (do Antigo Regime, onde estava presente a processualística da Inquisição) estão sendo atualizadas e apropriadas na conjuntura presente e produzindo efeitos neste exato instante político).

Esta prática implica primeiro julgar (o juiz, o policial ou o promotor chegarem a um veredicto) e depois buscar as provas (ver Carlo Ginzburg: “O Juiz e o Historiador. Anotações à Margem do Caso Sofri”. Nele, Ginzburg analisa a lógica processual criminal contra um militante das Brigadas Vermelhas. Sua análise identifica, em pleno século XX, a permanência dos procedimentos dos tempos da Inquisição).

Mas onde está o PENSAMENTO ÚNICO no campo jurídico brasileiro? Aí entra a história das Faculdades de Direito no Brasil. Desde sua criação, em 1827, nos marcos da apropriação do pragmatismo político pombalino, de inspiração benthamiana, as duas Faculdade de Direito (uma no norte, em Olinda, depois Recife; outra no sul, o Largo São Francisco em São Paulo) apresentaram variações políticas que permitiam escolhas políticas, ideológicas e filosóficas divergentes.

A Escola do Recife abria-se para atualizações e apropriações da Ilustração. A Academia de São Paulo reproduziu o autoritarismo e o pragmatismo de forma mais fechada, politicamente. No início da República, a intelligentsia do Recife desloca-se para o Rio de Janeiro e se apresenta na formação das Faculdades de Direito criadas na primeira metade do século XX.

Os juristas da Capital Federal atuavam nos dois principais centros de formação universitária: a Faculdade Nacional de Filosofia e a Faculdade Nacional de Direito. Com o Golpe Civil-Militar de 1964, não ficou “pedra sobre pedra” nas duas faculdades (Nacional de Filosofia e Nacional de Direito).

O PENSAMENTO ÚNICO, do Largo São Francisco em São Paulo, e o seu autoritarismo, tornaram-se prevalecente, hegemônico em todo o país.

O mesmo ocorreu na Academia Militar de Agulhas Negras; o pensamento militar inspirado na Escuela de lãs Americas, mantida no Panamá pelos EUA para formar militares latino-americanos (aqueles que deram os golpes nos anos 1960-70) impôs-se como PENSAMENTO ÚNICO nos meios militares.

Talvez o que diferencie a conjuntura atual e, sobretudo, o instante (político) em relação a 1964, seja, quem sabe, a clareza da oficialidade, seja a postura profissional, pois no plano internacional a estratégia de desestabilização política de governos contrários aos interesses norte-americanos e europeus tem sido a declaração de guerras (Iraque, Afeganistão, Líbia, Ucrânia, Síria, por exemplo).

E também certa consciência de que o que as classes dominantes querem, no momento, é fazer das forças armadas meros capitães-de-mato para contenção das chamadas classes perigosas – os pobres que as elites querem afastar da política.

Em relação à formação universitária em Comunicação Social, há que se lembrar que sua criação e designação nasceram com a reforma universitária de 1969, conhecida como Reforma Passarinho.

Do mesmo modo, altos investimentos foram aplicados para a formação no campo dos estudos sobre Educação (Filosofia e Psicologia), tendo em vista a erradicação do escolanovismo, de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro, para que o PENSAMENTO ÚNICO contasse com o forte apoio do campo religioso, especialmente do campo católico, que fez oposição por décadas a fio (desde 1930) ao ensino público de qualidade, laico, em horáriointegral. Esta luta está em curso e subjaz ao instante que vivemos.

Por tudo isso, (mal)dito instante … pois o Brasil está vivo e se mexe, uma parte considerável de brasileiros não quer confusão, nem ódio, quer sim trabalhar e participar para a grandeza de todos e todas. Brasil bem dito. Não vamos jogar fora esse patrimônio.

terça-feira, 8 de março de 2016

QUANTA COINCIDÊNCIA! QUEM JULGA O JULGADOR?


HISTORICAMENTE SABEMOS QUE OS LÍDERES DE MOVIMENTOS DE MORALIZAÇÃO SÃO EM GERAL AUTORES SECRETOS DAS MAIORES IMORALIDADES. TER A ESPADA DA JUSTIÇA NA MÃO CRIA UMA SITUAÇÃO DE IMPUNIDADE PARA ELE MESMO. NO BRASIL VIMOS CAMPANHAS MORALIZADORAS CONTRA OS GOVERNANTES DE ORIGEM POPULAR ENQUANTO OS GRANDES PODEROSOS SE LOCUPLETAM DO DINHEIRO PÚBLICO QUASE SEMPRE ATRAVÉS DE RECURSOS LEGAIS QUE OS EXIME DA REPRESSÃO JUDICIAL. A UNIÃO DEMOCRÁTICA NACIONAL (UDN) SE CARACTERIZOU POR CUESTIONAR SUAS DERROTAS ELEITORAIS TENTANDO IMPEDIR A POSSE DOS SEUS ADVERSÁRIOS SEMPRE PREFERIDO PELOS ELEITORES. A DEMOCRACIA ATRAVÉS DO VOTO UNIVERSAL SERÁ SEMPRE SUA PRINCIPAL INIMIGA.

VEJAMOS O QUE ESTÁ ACONTECENDO AGORA ATRAVÉS DE UMA MATÉRIA BASTANTE SIMPLES SOBRE O JUIZ DE 1a. INSTANCIA SERGIO MORA E SUA CAMPANHA DE EXTRANHA "MORALIZAÇÃO" QUE OCULTA DA OPINIÃO PÚBLICA OS VERDADEIROS BENEFICIÁRIOS E ORGANIZADORES DA CORRUPÇÃO NO PAÍS.

QUANTA COINCIDÊNCIA! QUEM JULGA O JULGADOR?

"Quanta coincidência…

Vamos usar metodologia científica, e partir das origens dos personagens.
O pai do Juiz Sérgio Fernando Moro foi o fundador do PSDB no município de Maringá, no Paraná.

A esposa do Juiz Sérgio Fernando Moro é advogada do PSDB, funcionária ou prestadora de serviços ao PSDB, e assessora jurídica do vice governador de Beto Richa, Flávio Arns, que é do PSDB.

O Juiz Sérgio Moro é amigo íntimo e doador de campanha do deputado Francischini, um dos maiores detratores do PT e pai de boa parte das calúnias contra o governo federal, que circula nas redes sociais.

O Juiz Sérgio Moro é do município paranaense de Maringá. O doleiro Alberto Youssef é do município paranaense de Maringá. O Senador Álvaro Dias é do Município paranaense de Maringá, os três freqüentam os mesmos círculos, têm convívio regular e foram muitas vezes vistos e fotografados juntos.

O principal delator da Lava Jato, uma espécie de assessor do Moro, é o senhor Joel Malucelli, e quem é Malucelli, senão o suplente do Senador Álvaro Dias? Malucelli é o dono da Rádio Globo do Paraná e de uma repetidora da tevê Bandeirantes, no estado. É banqueiro e empreiteiro, tendo as concessões de diversos postos de pedágio, lá na república do Paranaguay.

Um primo de Sérgio Moro, dono de uma rede de supermercados, é um dos maiores financiadores de campanha do PSDB, e é assessor parlamentar de quem? Isso mesmo, Álvaro Dias.

O tio da mulher de Sérgio Moro era investigado, sob suspeita de ser sócio de Alberto Youssef. Moro interrompeu as investigações. O titio é do PSDB. 

(Francisco Costa sobre o Juiz que comanda a Operação Lava Jato)"


GLOBO INCITA A ENTRADA EM CENA DOS MILITARES


1.GLOBO INCITA A ENTRADA EM CENA DOS MILITARES
Por Lindbergh Farias, senador da Republica
Rio de Janeiro, 6 de março 2016


A Rede Globo tem um projeto para o Brasil: repetir a história do golpe militar de 1964 como farsa. Através das colunas de Merval Pereira e Ricardo Noblat, publicadas na edição de O Globo de hoje e na internet, de maneira artificial e imaginosa, instigam pela entrada em cena dos militares na crise política, reeditando a tradição autoritária do bonapartismo brasileiro.


O grande consórcio, que permitiu a uma empresa familiar detentora da concessão de um jornal e uma estação de rádio, se transformar num império de comunicação, foi a sociedade com a ditadura militar e o capital externo, no pagamento régio da contrapartida de a Globo ajudar ativamente no cerceamento das liberdades democráticas, enquanto nos porões a tortura campeava.


Sem dúvida, se não tivesse havido uma ditadura militar de mais de vinte anos no Brasil, não existira o monopólio da Rede Globo. Mas houve também o consórcio externo. O conglomerado de comunicação já nasceu sujo: os anais da história registram, nos anos de 1965 e 1966, a CPI Globo-Time Life, ocasião na qual o dirigente dos Diários Associados e também deputado, João Calmon, denunciou, ao arrepio da lei do nosso país, o consórcio dos dólares americanos no financiamento daquele grupo de comunicação. Quem quiser se aprofundar no tema, sugiro a leitura da bibliografia de Assis Chateaubriand, escrita por Fernando Morais.


Enquanto o artigo de Noblat é mais panfletário, o de Merval, metido a analítico, esboça alternativas de “saída” para a crise política que passam pela interrupção do mandato de Dilma, ou seja, que passam pelo desrespeito da vontade popular e dos mandamentos constitucionais. A esse respeito, continuo afirmando que a saída da crise só é possível de acontecer pela via do respeito à democracia brasileira. Os atalhos golpistas, as soluções ad hoc das elites como semipresidencialismo e governo de coalizão sem o PT, apenas aprofundarão ainda mais a crise.


No artigo de Merval, ele invoca o artigo 142 da Constituição Federal, lembrando que as forças armadas possuem o mandando da Constituição Federal na “missão de garantir da ordem pública”. Esquece o jornalista, porém que, também de acordo com a constituição, a presidenta é a comandante suprema das forças armadas, como deve ser numa democracia regida pelo Estado Democrático de Direito. Parece que o jornalista, embora de maneira alusiva, sugere a ultrapassagem de uma espécie de perigoso Rubicão, avocando às forças armadas, como no passado republicano do século XX, o papel de uma arbitragem superior ao próprio poder executivo. Até parece uma adesão às propostas de Jair Bolsonaro e dos grupos que nas manifestações de direita pregar uma intervenção militar no Brasil. No passado, se chamava os que usavam e abusavam dessa prática nefasta de “vivandeiras de quartéis”.


Merval entrevê a possibilidade de “venezualização” do país. Pergunto: de onde parte a radicalização? Afirmo sem medo, o principal agente desestabilizador na crise política é a Rede Globo, que mente e distorce sistematicamente a realidade. Para confirmar o que digo, basta relembrar a edição do Jornal Nacional de ontem (05/030), toda montada no sentido de justificar, sem conseguir, o arbítrio, que todo Brasil acompanhou, da injusta condução coercitiva do presidente Lula.


A semana que começa amanhã será dura e faço um apelo a que estejamos atentos. Não é hora de sossegar. Nesta semana, mais que nunca, é hora de persistir e resistir na estratégia de defesa do mandato de Dilma, ou seja, da vontade popular e da democracia. Como em dezembro do ano passado, armam-se novamente mais um ataque especulativo do mandato da presidenta. Não passarão!


2. MINISTRO DO STF MARCO AURELIO ADVERTE A PIOR DITADURA É A DITADURA DO PODER JUDICIARIO: http://www.valor.com.br/politica/4468156/pior-ditadura-e-do-judiciario-diz-marco-aurelio-mello


4. O RESULTADO CONTRADITORIO DA OPERAÇÃO LAVA-JATO, ela impulsionou a militancia do PT a voltar as ruas e viabilizou a candidatura Lula em 2018: http://www.valor.com.br/politica/4468158/lava-jato-impulsiona-candidatura-de-lula-e-aumenta-pressao-sobre-dilma



A LAVA-JATO E O NAZISMO

A Lava-Jato e o nazismo
Publicado na Agência Carta Maior – http://cartamaior.com.br/?/


Jeferson Miola

O Ministro do Supremo Tribunal Federal [STF] Marco Aurélio Mello, em crítica à violência perpetrada contra o ex-presidente Lula, disse que “quando se potencializa o objetivo a ser alcançado em detrimento de lei, se parte para o justiçamento, e isso não se coaduna com os ares democráticos da Carta de 88”. Ele prognostica que com os atropelos da Lava Jato, “amanhã [os justiceiros] constroem um paredão na praça dos Três Poderes”.

O renomado constitucionalista Fabio Konder Comparato assinala que a arbitrariedade contra Lula “foi um abuso manifesto”, e diz que, devido a tais atropelos e violências, “o Estado de Direito está em frangalhos”.

Os procuradores da República que atuam na força-tarefa da Lava Jato, indiferentes às vozes que reclamam o respeito à Constituição e à democracia, publicaram uma nota de esclarecimento prepotente e provocativa, para não dizer totalitária. Começam dizendo que “instalou-se falsa controvérsia [sic] sobre a natureza e as circunstâncias da condução coercitiva do senhor Luiz Inácio Lula da Silva”; e sustentam que “tal discussão nada mais é que uma cortina de fumaça [sic] sobre os fatos investigados”.

Os justiceiros argumentam que nas 24 fases da Lava Jato foram expedidos 117 mandados de condução coercitiva autorizados pelo Juiz Sergio Moro, e que apenas em relação ao “senhor Luiz Inácio Lula da Silva houve a manifestação de algumas opiniões contrárias à legalidade e constitucionalidade dessa medida”. E então constroem esta pérola lógica: “Considerando que em outros 116 mandados de condução coercitiva não houve tal clamor, conclui-se que esses críticos insurgem-se não contra o instituto da condução coercitiva em si, mas sim pela condução coercitiva de um ex-presidente da República”.

Os procuradores mentem. Em fases anteriores, a condução coercitiva imotivada também foi duramente questionada, porém as vozes que a denunciavam foram asfixiadas pela Rede Globo, Folha, Estadão e toda a imprensa cúmplice da arbitrariedade. É natural, além disso, “tal clamor” e comoção democrática quando o arbítrio atinge uma figura com a popularidade do ex-presidente Lula, fato que permite denunciar a conversão da Lava Jato em instrumento de perseguição ideológica e partidária de adversários – e, portanto, uma Operação que pode perigosamente evoluir para a um regime jurídico totalitário, de natureza nazi-fascista.

Assim como as aberrações autoritárias da Lava Jato não começaram na 24ª fase de investigação, o nazismo também não começou com o Holocausto de 6 milhões de judeus. O Holocausto foi o horripilante resultado anti-civilizacional de décadas de desenvolvimento do nazismo. Ele é a conseqüência, nos anos 1940, da evolução de idéias e dispositivos jurídico-policiais que passaram a ser engendrados na sociedade alemã a partir de 1920 com a fundação do Partido Nacional-Socialista [o Partido Nazista] de Adolf Hitler, de posições segregacionistas e totalitárias, que defendia a superioridade da raça ariana e apregoava o extermínio de judeus, ciganos, negros, pobres, comunistas, homossexuais, adversários do regime de exceção etc.

À diferença do que dizem os justiceiros do Ministério Público, o clamor contra os abusos da Lava Jato não é uma “falsa controvérsia” e, menos ainda, “cortina de fumaça sobre os fatos investigados”, porque antes disso é um alerta de que o ideário nazi-fascista subsiste no tempo, e ganha forma concreta em sociedades submetidas a ditaduras midiáticas como é o caso do Brasil, onde a Rede Globo, a Folha, o Estadão, a RBS e outros veículos de comunicação formam um condomínio jurídico-midiático-policial que tenta entorpecer a consciência democrática do povo para conspirar contra a democracia, a Constituição e governos populares.

sábado, 5 de março de 2016

FORAM PUBLICADAS AS OBRAS REUNIDAS DE THEOTONIO DOS SANTOS PELO INSTITUTO DE INVESTIGACIONES ECONOMICAS DA UNAM

Você pode ter acesso a versão digital através do link:

http://ru.iiec.unam.mx/3105/


 

ENTREVISTA DO PROFESSOR THEOTONIO DOS SANTOS AO GLOBAL RESEARCH (PARTE 2): “EL GRAN CAPITAL ESTÁ INTERESADO EN DESTRUIR LA INTEGRACIÓN LATINOAMERICANA”


“El gran capital está interesado en destruir la integración latinoamericana”

Global Research, March 01, 2016



Foto : Theotonio dos Santos durante la entrevista que mantuvo con Ariel Noyola Rodríguez en un hotel de la zona sur de la Ciudad de México.

Para leer la primera parte: Haga clic aquí

Si hay alguien que ha dejado huella en el pensamiento económico de América Latina es Theotonio dos Santos: científico social brasileño, catedrático de la Universidad del Estado de Río de Janeiro, exponente de la Teoría Marxista de la Dependencia y galardonado con el Premio Economía Marxista 2013 de la Asociación Mundial de Economía Política. Dos Santos dictó a mediados de febrero una serie de conferencias sobre teorías del desarrollo como parte de la Cátedra Maestro Ricardo Torres Gaitán que le fue otorgada por el Instituto de Investigaciones Económicas de la UNAM por sus aportaciones en la materia. 
 
Ariel Noyola Rodríguez, consiguió entrevistar a Theotonio dos Santos durante su estancia en la Ciudad de México y abordó, entre otros temas, las perspectivas de la economía y el sistema mundial, las contradicciones del desarrollo capitalista de China, el ascenso del yuan como divisa de reserva internacional, los desafíos de la integración latinoamericana, el atasco burocrático del Banco del Sur, el reposicionamiento regional de Estados Unidos, la crisis del pensamiento económico y los problemas que enfrenta la izquierda para construir alternativas.

Por su amplia extensión, la publicación de la entrevista se ha dividido en varias partes. En esta segunda entrega Noyola Rodríguez explora con dos Santos los desafíos de la integración latinoamericana, el atasco burocrático del Banco del Sur y el reposicionamiento de Estados Unidos en la región.

Ariel Noyola Rodríguez: Hoy sabemos por Andrés Arauz (representante de Ecuador ante el directorio ejecutivo del Banco del Sur) que Brasil y Paraguay no han ratificado el acta fundacional del Banco del Sur.

En contraste, vemos que el gobierno de Brasil está comprometido con el financiamiento del banco de desarrollo de los BRICS (acrónimo de Brasil, Rusia, India, China y Sudáfrica) y el Banco Asiático de Inversiones en Infraestructura (BAII) impulsado por China.

¿En ese sentido, considera usted que Brasil ejerce más bien un rol sub-imperialista (de acuerdo con la categoría elaborada por Ruy Mauro Marini), o de qué otra manera podemos explicar que no se interese en liderar las iniciativas de integración regional mientras que apoya los proyectos de potencias económicas como China?

Theotonio dos Santos: La clase dominante brasileña aspiró realmente a proyectar una política sub-imperialista cuya congruencia nació de la visión geopolítica de los militares que efectuaron el golpe de Estado en 1964. Ruy trabajó mucho sobre la visión y el contexto económico de esa época. En aquel momento nosotros los brasileños teníamos una economía en expansión con una fuerte posibilidad de influencia sobre la región pero a través del gran capital, entonces nos teníamos que adaptar a la política que el gran capital proyectaba.

Pero ocurre que el gran capital ha cambiado bastante su visión de Brasil, sobre todo en cuanto a su calidad de intermediario. Hay muchos factores que permitieron eso. Uno de ellos, es la pérdida de confianza de Estados Unidos para controlar la economía brasileña y también de diversos grupos empresariales que pensaban que Brasil podía ser una punta de lanza en la región.

A pesar de todo, Brasil se mantuvo en la década de los 2000 como un actor que prestó un apoyo fuerte, junto con Venezuela, a la creación de un aparato de integración en la región. En estos años surge la Unión de Naciones Suramericanas (UNASUR), que avanza a pesar de todo, porque realmente hay muchos intereses que buscan sabotearla. El Banco del Sur es otra iniciativa bastante importante, pero Brasil no lo quiso. Desde el primer momento Brasil no quería formar parte, pero entró…


El acta fundacional del Banco del Sur se firmó en diciembre de 2007 en la ciudad de Buenos Aires, sin embargo, la institución financiera todavía no se ha puesto en marcha por la falta de voluntad política del gobierno de Brasil.

Ariel Noyola Rodríguez: ¿El Banco Nacional de Desarrollo Económico y Social (BNDES) se opone a que el gobierno de Brasil financie el Banco del Sur?

Theotonio dos Santos: Así es, el BNDES no quiere. Porque el BNDES tiene una gran cantidad de recursos, aunque bueno, también han disminuido. De cualquier forma, el BNDES tiene la capacidad de financiar una gran cantidad de inversiones en toda América Latina, por eso el gobierno de Brasil no tiene interés en tener un intermediario a través del Banco del Sur.

Se desperdició la oportunidad de realizar grandes inversiones para aprovechar la recuperación de la economía durante los años 2000 gracias a los 300,000 millones, 370, 000 millones de dólares que Brasil generó de excedentes. Todo ese dinero se metió a las reservas [del banco central], y gran parte se utilizó en la compra de deuda norteamericana. Entonces hay un aprisionamiento de tu poder económico. Hemos invertido como 120,000 millones de dólares en bonos del Tesoro de Estados Unidos, es algo absurdo.

Es un error de visión muy grave. Hay un pensamiento económico que no ha estado a la altura de los cambios que están pasando. Brasil no tiene una visión latinoamericana. Lula tenía una visión distinta, que ahora está siendo atacada muy fuertemente. Con todo, en la fase actual todas las iniciativas que favorecieron la integración regional en estos años, fueron iniciativas de interés latinoamericano, más que interés del capital trasnacional.

Por ejemplo, miremos los acuerdos entre México y Estados Unidos. Para México representaron muchas inversiones. México tiene una industria automotriz cuya producción es 70% para exportación. Brasil también tiene una industria automotriz, pero sólo 30% es para exportación, y son más o menos iguales.

Entonces para que Brasil vuelva a ser un agente del gran capital, para que desde ahí se impulse una política, digamos sub-imperialista, pues se tendría que imponer un gobierno con otra orientación política, que es lo están buscando hacer. También quieren derrumbar a Venezuela, y a todos los gobiernos que están comprometidos con los procesos de integración.

Es un absurdo que sectores de la izquierda vean la integración como sub-imperialismo. La integración regional nunca será parte de los intereses del sub-imperialismo, por el contrario. Estados Unidos, que es el actor imperialista superior, jamás ha defendido una política de integración regional, ahora está tratando de romperla. El Acuerdo de Asociación Transpacífico (TPP, por sus siglas en inglés) es su nueva aventura. Quieren cortar la integración sin poder ofrecer nada. Es que los países que se sumaron al TPP se van a integrar sí, pero solamente con Estados Unidos.

Como en el caso del Tratado de Libre Comercio de América del Norte (TLCAN): es México con Estados Unidos, y Canadá con Estados Unidos, pero entre México y Canadá no hay nada, entonces no existe integración. Y lo mismo se propone con los países de la costa del Pacífico, ellos no van a fortalecer la integración entre sí, sólo van a aumentar los negocios que favorecen a Estados Unidos. Pero Estados Unidos no va aumentar la demanda de productos de esos países, Estados Unidos quiere aumentar la venta de sus productos porque tiene un déficit comercial extremadamente elevado.

La política de Estados Unidos consiste en aumentar sus exportaciones, y esa no es la política de ningún país de la región, todos están interesados en vender hacia Estados Unidos no en comprar, entonces es una aventura. Pero peor aún, lo que estos países han aumentado de su nivel de exportaciones, y sí, han conseguido superávit importantes en los últimos años, es por la mayor demanda del mercado chino, pero el TPP es un producto anti-China.



El Acuerdo de Asociación Transpacífico (TPP, por sus siglas en inglés) fue firmado el pasado 3 de febrero en Nueva Zelanda por 12 países; ahora sus gobiernos tienen la tarea de conseguir su ratificación en las legislaturas nacionales.

Cómo puedes entrar en un proyecto anti-China, cuando la única posibilidad que tienes es de expandir las exportaciones hacia China. Y además, para América Latina significa un proyecto anti-integración, es muy grave porque la única posibilidad que existe para nuestros países es apostar por una política de desarrollo regional, un proyecto que lamentablemente los gobiernos aún no han sido capaces de asumir por completo.

Y nada de eso está en el esquema del gran capital, nada de eso quiere el gran capital, pueden adaptarse sí. Pero no es el mismo fenómeno el que estamos viviendo ahora que lo que pasó en la década de 1960. El sub-imperialismo es un potencial, pero no es el camino para el gran capital en este momento. El gran capital está en el camino de romper de forma radical las ventajas que la integración puede proporcionar a la región.

Ariel Noyola Rodríguez: En efecto, Washington ha intentado recuperar su protagonismo económico y política en América Latina y para ello está impulsando varias iniciativas de integración acordes con los intereses de las empresas norteamericanas.

En cuanto a la Alianza del Pacífico (integrada por Chile, Colombia, México y Perú), llama mucho la atención que Michelle Bachelet haya propuesto establecer un “puente” que les permita converger con el Mercado Común del Sur (MERCOSUR, incluye a Argentina, Bolivia, Brasil, Paraguay, Uruguay y Venezuela). Mauricio Macri, el nuevo presidente de Argentina, apoya la idea ¿Cuáles serán sus pretensiones?

Y por otro lado tenemos el TPP (conformado por 12 países con Estados Unidos a la cabeza), un proyecto que busca aislar económicamente a China tanto en América Latina como en Asia-Pacífico ¿Qué tanto poder de influencia tienen estas 2 iniciativas en nuestra región?

Theotonio dos Santos: Son políticas suicidas. Bueno, el gran capital está interesado en destruir la integración latinoamericana. Macri está en contra de la integración, él hace todo para impedir la integración, incluso planteó la salida de Venezuela del MERCOSUR.

De parte de Bachelet es diferente, porque ella y su ministro de Relaciones Exteriores desde el primer momento no se sumaron a la Alianza del Pacífico para ir en contra de la integración latinoamericana. La Alianza [del Pacífico] ya estaba, digamos, avanzada, no tenía mucho sentido intentar cambiarla. El problema es que no van a conseguir nada con la Alianza del Pacífico ¿Qué van a ganar?

Ariel Noyola Rodríguez: En el ámbito de las finanzas los integrantes de la Alianza del Pacífico presumen haber avanzado en la construcción de un mercado de capitales común, el Mercado Integrado Latinoamericano (MILA).

El propósito de este instrumento es promover la integración bursátil trasnacional de las bolsas de valores de Chile, Colombia, México y Perú para de esta forma, crear un patrimonio único que según ellos, puedan competir frente a frente con la bolsa de valores de São Paulo…

Theotonio dos Santos: Sería interesante observar este fenómeno, pero dudo mucho que estos países lo consigan. Estados Unidos no tiene capital, tiene deuda, una deuda pública equivalente al tamaño de su Producto Interno Bruto (PIB), aunque pueden crear más deuda ¿De dónde va a sacar recursos Estados Unidos para invertir en eso? ¿De dónde va a sacar plata Chile?

Los capitalistas brasileños están metidos en la bolsa porque tienen que estar, aunque muchos partieron al exterior porque prefieren manejar recursos desde otras latitudes. No veo cómo va a poder funcionar ese mercado de capitales que mencionas. En Brasil no se conoce mucho sobre eso.

Sí, es probable se estén preparando para entrar en una dura competencia con Brasil. Puede ser. Pero no les veo un gran potencial, no creo que ellos tengan recursos. Habría que ver con más detalle todo esto. La verdad es que no pensaba que estos gobiernos [de la Alianza del Pacífico] podrían llegar a un grado de delirio tan grande. Están proponiendo cosas que no pueden hacer.

¿Qué tienen estos países como alianza? Lo normal, lo que les brinda la integración latinoamericana en general ¿Pero ellos qué van a aportar a la región? Como grupo no hay mucho, hasta ahora han tenido que votar las iniciativas de integración que tienen un sentido más positivo. En la pasada Cumbre de las Américas, la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (CELAC) exigió que Cuba estuviera presente, de lo contrario no habría Cumbre. No pudieron los países de la Alianza imponer una política independiente de la CELAC.

Estados Unidos los está usando para promover una política anti-china ¿Qué quieren? ¿Qué dejen de exportar a China? Lo que hay detrás de esto, como en Oriente Medio, es que quieren destruir cualquier fuerza que se oponga a las políticas de Estados Unidos, un país que en efecto, como fuerza destructiva todavía tiene un poder muy grande a través de este tipo de alianzas, pero como fuerza constructiva, como un agente articulador de una nueva economía, no le veo influencia por ningún lado…

Ariel Noyola Rodríguez
Ariel Noyola Rodríguez es economista por la Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM). Twitter: @noyola_ariel.
The original source of this article is Global Research
Copyright © Theotonio dos Santos and Ariel Noyola Rodríguez, Global Research, 2016


sexta-feira, 4 de março de 2016

ENTREVISTA DO PROFESSOR THEOTONIO DOS SANTOS AO GLOBAL RESEARCH (PARTE 1): "NO ES SIMPLEMENTE UNA CRISIS, ESTAMOS EN UN MOMENTO DE REESTRUCTURACIÓN DE LA ECONOMÍA MUNDIAL"


“No es simplemente una crisis, estamos en un momento de reestructuración de la economía mundial”


Global Research, February 24, 2016 



Photo : Ciudad de México, 16 de febrero del 2016. Theotonio dos Santos (centro) recibiendo diploma y medalla de parte de autoridades de la UNAM, antes de comenzar a dictar la Cátedra Maestro Ricardo Torres Gaitán.
Si hay alguien que ha dejado huella en el pensamiento económico de América Latina es Theotonio dos Santos: científico social brasileño, catedrático de la Universidad del Estado de Río de Janeiro, exponente de la Teoría Marxista de la Dependencia y galardonado con el Premio Economía Marxista 2013 de la Asociación Mundial de Economía Política. Dos Santos dictó a mediados de febrero una serie de conferencias sobre teorías del desarrollo como parte de la Cátedra Maestro Ricardo Torres Gaitán que le fue otorgada por el Instituto de Investigaciones Económicas de la UNAM por sus aportaciones en la materia. 
 
Ariel Noyola Rodríguez, consiguió entrevistar a Theotonio dos Santos durante su estancia en la Ciudad de México y abordó, entre otros temas, las perspectivas de la economía y el sistema mundial, las contradicciones del desarrollo capitalista de China, el ascenso del yuan como divisa de reserva internacional, los desafíos de la integración latinoamericana, el atasco burocrático del Banco del Sur, el reposicionamiento regional de Estados Unidos, la crisis del pensamiento económico y los problemas que enfrenta la izquierda para construir alternativas.
Por su amplia extensión, la publicación de la entrevista se ha dividido en varias partes. En esta primera entrega Noyola Rodríguez explora con dos Santos la posibilidad de que se materialice una nueva recesión global, la reestructuración de la economía mundial comandada por los BRICS, las contradicciones del desarrollo capitalista de China y el ascenso del yuan como divisa de reserva internacional…
Ariel Noyola Rodríguez: Muchas gracias por haberme concedido esta entrevista. Quiero comenzar con la complicada situación por la que atraviesa la economía mundial en estos momentos, y cuál será, desde su punto de vista, el impacto sobre los países latinoamericanos. Durante el último mes se ha observado un desplome considerable de las principales bolsas de valores. Las acciones de los grandes bancos de inversiones (Goldman Sachs, JP Morgan Chase, Deutsche Bank, etc.) se han derrumbado en estos días, lo mismo ha sucedido con los precios de las materias primas (commodities) y los tipos de cambio de los países emergentes ¿Estamos a las puertas de una nueva recesión mundial? ¿En qué posición se encuentra América Latina ante ese posible escenario?

Theotonio dos Santos: La crisis de 2008-2009 fue muy fuerte para los países que formaban parte del centro de la economía mundial, pero al mismo tiempo, China se mantuvo con un fuerte crecimiento junto con los países de los BRICS (acrónimo de Brasil, Rusia, India, China y Sudáfrica), y también casi todos los países en desarrollo. De manera que la tasa de crecimiento del Producto Interno Bruto (PIB) de la economía mundial no cayó. Esto muestra que hubo cambios muy significativos en los últimos años: el motor de la economía mundial se desplazó de la zona central, básicamente de la tríada (Estados Unidos, Europa y Japón), hacia otras regiones.
Esto ha dado origen a una serie de trabajos, de intentos de explicación de este fenómeno. Desde la década de 1970, incluso un poco antes, nosotros mostramos la tendencia a la decadencia de la economía norteamericana y europea, y hasta Japón, que en aquel momento estaba en un auge económico importante, aunque también se comenzó a revelar una cierta tendencia a una caída que operó a partir de la década de 1990. En ese sentido, Japón mostró un poco lo que iba a pasar con las economías industrializadas. La economía japonesa entró en una baja bastante significativa. Recordemos que Japón registró entre 8 y 10% de crecimiento del PIB durante gran parte del período de posguerra, pero en la década de 1990 bajó a cero, incluso obtuvo tasas de crecimiento negativo (-2%, -3%, etc.), y apenas alcanzó un ligero crecimiento en años muy aislados.



La crisis que estalló en Estados Unidos el año 2008 es una de las más graves en la historia del capitalismo como sistema mundial, sólo comparable con la Gran Depresión de 1929. Ante el declive de la economía norteamericana, el ascenso de China y los BRICS ha acelerado la reestructuración de la economía global a favor de Oriente.
Ahora hay otro problema que está causando desesperación en el centro del sistema, y es que los países en desarrollo, los que han ganado una mayor participación en la economía mundial, ahora también empiezan a tener un menor crecimiento. Es que gran parte de la expansión desde los años 2000 hasta 2010-2012, estuvo basada en la demanda china. La demanda de China es un asunto poco estudiado, durante la década de 1990 cuando nosotros llamamos la atención sobre el crecimiento de la demanda china en la economía mundial, la reacción de muchos colegas fue que eso era absurdo, que China, un “país de pobres”, no iba a generar ninguna demanda importante.
Era un gran desconocimiento, China tiene todavía sí, una población bastante pobre, pero en la década de 1980 y 1990 se desarrolló mucho la economía del Sur de China sobre todo, y esa economía alcanzaba ya unos 500 millones de habitantes con un nivel de consumo próximo a todo el Sur de Europa. Es decir, en esos años se agregó a la economía mundial una “Europa del Sur”. Entonces, despreciar este fenómeno era un problema muy grave porque mostraba exactamente la crisis, esa sí bastante grave, del pensamiento económico.
¿Ahora bien, qué pasó con la caída del crecimiento chino? Frente a la crisis, la dirección política de China tomó posiciones que están alterando bastante su participación en la economía mundial en este momento. Una de esas decisiones fue volcarse más hacia su mercado interno. En 2008 China había adoptado ya la decisión de volcar 500,000 millones de dólares para ampliar la demanda de las zonas más pobres, y re-orientar su economía hacia sus propios mercados. Ese giro tuvo un efecto sobre todo para los países que estaban en ascenso, ya que ese ascenso estaba vinculado con el aumento de los productos de exportación hacia China.
Y a pesar de que se tomaron algunas decisiones para intentar aprovechar el auge de las exportaciones, no fueron suficientes, no se logró un cambio tan sustancial que nos permitiera colocarnos de lleno dentro de las nuevas tendencias de la economía china, para así disminuir un poco el efecto de la caída de la demanda mundial. Además hay otro problema, hay una caída de los precios de las materias primas (commodities), que componen el grueso de las exportaciones de nuestros países hacia China. Frente a eso, hemos tenido problemas graves, y en lo que respecta al petróleo sobre todo.
Hay un intento de manipular el mercado petrolero para servir a objetivos geopolíticos, sobre todo de Estados Unidos, país que para hacer frente al auge de China, favoreció el uso de la fractura hidráulica (fracking), que es un método de producción interesante en términos económicos para las empresas de Estados Unidos. El fracking tiene la ventaja de permitir un gran crecimiento de la producción petrolera sin destinar grandes montos de inversión, pero al costo de acabar con el agua. La crisis del agua se va a agravar en Estados Unidos, en unos 15 o 20 años más.
De cualquier forma, era una decisión estratégica para enfrentar a los enemigos que Estados Unidos definió en este período, básicamente Rusia, Irán y Venezuela, golpeando también a Brasil y otros países. Brasil está ingresando en un dominio petrolero muy grande, que afecta bastante el funcionamiento de la economía mundial. En busca de bajar el precio del petróleo, y así generar problemas en América Latina, Estados Unidos apostó por la acumulación de inventarios (stocks) y colocaron al mercado de materias primas (commodities) en una crisis bastante grave, y también profundizaron la crisis energética.
En este cuadro es posible entender que esa política tuvo efectos bastante negativos desde el punto de vista económico, pero desde el punto de vista político no funcionó. Rusia, en vez de aceptar las presiones de la Organización del Tratado del Atlántico Norte (OTAN) comandada por Estados Unidos, se convirtió entonces en una fuerza muy activa en Europa. Y Europa oriental depende hoy mucho de Rusia, que además se aproximó más a China, garantizando una nueva salida de sus productos de exportación, y además apoyó fuertemente la idea de los BRICS, que es la base de una nueva dinámica económica mundial.
El Oriente Medio también está cansado de Estados Unidos. Arabia Saudita se está reuniendo con Rusia en este momento. La idea es que la Organización de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) tenga una política común con los grandes productores de petróleo [Nota: en efecto, momentos después, la OPEP y Rusia acordaron congelar la producción petrolera a los niveles del mes de enero, una medida que busca apoyar el repunte de los precios]. Arabia Saudita siempre ha sido una fuerza fundamental de Estados Unidos en Oriente Medio, no se gustan mutuamente, pero son necesarios entre sí.
Por eso no es simplemente una crisis, estamos en un momento de reestructuración de la economía mundial. Claro que los más débiles, sobre todo Brasil y Venezuela, son los más afectados. Venezuela por su dependencia económica de las exportaciones de petróleo, por el hecho de que ya no esté presente Hugo Chávez, que tenía una calidad de pensamiento y de estrategia, muy por encima de la media. Entonces, todo esto claro, está afectando muy gravemente la situación económica de Venezuela. Y Brasil también está afectado muy fuertemente, lo mismo Argentina.
Todo esto está en el cuadro, más amplio, de que para enfrentar la crisis en Estados Unidos y Europa la fórmula principal fue una acción muy fuerte de parte de los Estados para proteger al sector financiero, que era el más directamente afectado por la crisis de 2008. Así se generó una transferencia masiva de los recursos del Estado hacia el sector financiero. Esto permitió que la crisis no se agravara tanto en un primer momento, pero creó las condiciones para que en un momento siguiente, que es lo que estamos viviendo ahora, no exista forma de pagar estas deudas.
Los Estados se convirtieron en grandes deudores, los países del Sur de Europa, Estados Unidos, etc. El caso de Estados Unidos es muy dramático. La deuda pública de Estados Unidos salta en estos años de 6 a más de 16 billones de dólares, que es igual al monto del resto de la deuda pública del mundo. Y no hay cómo pagar algo así. Deben buscar alguna forma, la deflación (caída precios) quizás sea una salida. La única forma es la quiebra, la deflación sería una quiebra colosal para Estados Unidos.
El otro problema que tiene Estados Unidos, y Europa también, es que no pueden tener una tasa de interés muy alta. Porque eso los llevaría a una baja de su crecimiento mucho más grave. Los bancos centrales de los países industrializados mantienen actualmente tasas de interés cercanas a cero, pero Japón ya lo hacía desde la década de 1990, eso no resuelve el problema en las economías centrales, eso digamos, permite que la crisis no se manifieste tan fuerte, pero se va generando otra crisis, de grandes excedentes de deuda.
En América Latina no estábamos preparados para enfrentar la crisis, a pesar de que algunos de nosotros lanzamos advertencias. La tendencia en nuestra región es de prejuicio, de no entender lo que pasa más allá de la dinámica del pensamiento que viene de Estados Unidos. La verdad es que no se dio importancia suficiente a lo que pasaba en China, India, etc. Nuestros países no se prepararon para hacer frente a una demanda que todo el tiempo se dijo que no existía. Cuando se llega al gobierno se tiene primero una situación de fantástico crecimiento. Por ejemplo, Brasil pasó de exportar mercancías por 60,000 millones de dólares a casi 200,000 millones de dólares. China que al principio no era tan importante, pasó a ser el primer país importador de productos brasileños.
Chávez sí entendió el contexto, hizo un gran esfuerzo junto con la OPEP, para reestructurar el mercado petrolero, para mejorar el papel de Venezuela como país exportador de petróleo. Chávez intentó forzar la industrialización en Venezuela, pero el problema de países como Venezuela, los que están en el Caribe, Cuba también, es que algunos sectores de la población están acostumbrados a utilizar los excedentes de dólares, que se consiguen en ciertos momentos históricos, para comprar bienes de consumo del exterior. No existe la percepción de que ese dinero que posees debe ser cuidado para utilizarlo después como un instrumento para el desarrollo. Tienes muchos dólares y los pierdes en el exterior, no permites que esos excedentes se utilicen en el desarrollo industrial del país.
La industrialización está basada en el avance de la productividad. Y el avance de la productividad no se da en escala nacional solamente. Desde la década de 1960 se va constituyendo una economía de una gran diferenciación de productos y el capital que dirige eso, el capital de las multinacionales va re-orientando su producción a los lugares donde paga menos impuestos, donde encuentra la mano de obra más barata, etc., la economía mundial se reestructura. Tu país se queda con una parte de eso, pero no cuentas con la capacidad tecnológica para que tú mismo dirijas el proceso, ni económica. Entonces se crea un nuevo tipo de dependencia, que incluso se ha profundizado.
Ariel Noyola Rodríguez: Hay una reforma capitalista que está en curso de dimensiones mundiales, promovida por China y otros países emergentes. En el ámbito de las finanzas internacionales, el gobierno chino consiguió que se incluyera el yuan en los Derechos Especiales de Giro (DEG). Y el Congreso estadounidense destrabó finalmente la reforma del sistema de cuotas de representación del Fondo Monetario Internacional (FMI), con lo cual, China y los BRICS vieron incrementados sus porcentajes de participación, si bien Estados Unidos todavía conserva su poder de veto.
Sin embargo, las concesiones otorgadas por el FMI comprometen a China a llevar a cabo una serie de reformas estructurales que profundizarían su vinculación con el mercado financiero mundial por la vía de la liberalización de las tasas de interés, los tipos de cambio y el mercado de capitales. Los chinos han construido su propio mercado de derivados para emitir títulos financieros respaldados en materias primas (commodities) pero denominados en yuanes, ya no en dólares. Asimismo, la banca en la sombra (shadow banking system), compuesta por las entidades financieras fuera del marco regulatorio, va cobrando una mayor relevancia en el sistema de crédito.
Por otra parte, si bien es cierto que China viene ganando terreno frente al antiguo Grupo de los 7 (G-7, integrado por Alemania, Canadá, Estados Unidos, Francia, Italia, Japón y Reino Unido) en la jerarquía de la economía mundial, al mismo tiempo se mantiene fuertemente ligada a las economías y los instrumentos de los países industrializados, bajo esta perspectiva, parece haber construido una relación de dependencia mutua, más que de autonomía. Por ejemplo, cuando Lehman Brothers quebró, China mantuvo sus adquisiciones de bonos del Tesoro de Estados Unidos. Asimismo, China es hoy el principal socio comercial de Estados Unidos, y uno de los principales destinos de inversión de Estados Unidos, Europa y Japón.
Algunos plantean incluso que el ascenso económico de China será puesto en cuestión en un tiempo breve. La deuda pública sí, todavía es baja, pero la deuda privada, la que incluye la de las familias y las empresas, ha aumentado de modo bastante significativo. La deuda total, esto, es, si sumamos la deuda pública y la privada, sería equivalente a más de 200% del PIB de China.
Entonces, ¿Cómo interpretar el avance económico de China frente al bloque occidental y la construcción de una nueva dinámica económica mundial, cuando en otros aspectos Pekín legitima las instituciones e instrumentos del orden mundial de la segunda posguerra, y reproduce al mismo tiempo muchas de las pautas seguidas por el capitalismo estadounidense?
Theotonio dos Santos: Bueno, estamos en un proceso de armar una nueva economía mundial. La posibilidad de influenciar fuertemente esta nueva economía en un cierto momento parecía muy difícil. Y en la actualidad sí, por supuesto, aún se piensa usar el FMI, digamos, abrir el FMI para lograr una presencia más fuerte, sobre todo de China, pero también de otros países, en términos de mejorar su posición en las cuotas del FMI.
Pero la reforma fue muy pequeña, y ahora finalmente se consiguió, porque Estados Unidos fue obligado a aparentar ayudar un poco la posición de los países en desarrollo. Sin embargo, el FMI actúa para Estados Unidos, también el Banco Mundial. La verdad es que a nuestros países no les interesa más el FMI. Nosotros no somos deudores del FMI, somos acreedores, incluso hemos ayudado con nuevos recursos. Lo que ellos están haciendo claro, es buscar captar nuestras reservas, y buscan mecanismos para lograr eso, muy ayudados por los bancos centrales de nuestros países.



El gobierno chino consiguió que se incluyera el yuan en los Derechos Especiales de Giro (DEG), la canasta de divisas que creó el Fondo Monetario Internacional (FMI) en 1969 para complementar las reservas oficiales de los bancos centrales. En la imagen, Christine Lagarde, la actual directora gerente del FMI, tras dar a conocer a la decisión.
 

En China existe una corriente, digamos, dentro del mismo gobierno, que defiende que China entre fuertemente al mercado financiero mundial. Y para hacer eso los chinos tendrían que aceptar gran parte de los instrumentos existentes. Pero hay otra corriente que está armando otro tipo de instrumentos. El banco de los BRICS por ejemplo, creo que se va a convertir, a pesar de que se han creado dificultades para impedir que se consolide, en un órgano más poderoso que el Banco Mundial.
Y lo mismo va a pasar con el Banco Asiático de Inversiones en Infraestructura (BAII). A Estados Unidos le correspondía contener el apoyo de los europeos y no lo consiguió, todos los europeos se fueron a financiarlo. Lo que revela que la influencia china en este momento es más poderosa que la de Estados Unidos, en una cuestión mercantil, no en una cuestión política propiamente, pero sin duda esto tiene desdoblamientos políticos. Es que el BAII no sólo garantiza el funcionamiento de Asia en general, con la entrada de estos países (Alemania, Francia, Reino Unido, etc.), se convierte en un instrumento de actuación muy amplio, incluso para Europa.
Son cambios que no implican simplemente meterse en el mercado financiero mundial, sino que se están estableciendo nuevas reglas para la economía mundial. El otro asunto es que en los próximos 10 años veremos el ascenso del yuan. De 4 años para acá, el yuan pasó de representar 2% a alcanzar más de 8% del total de las operaciones de financiamiento comercial, un crecimiento de 4 veces, según los datos de la Sociedad para las Comunicaciones Interbancarias y Financieras Mundiales (SWIFT, por sus siglas en inglés). Y esta dinámica va a continuar, porque el dólar está en plena caída en verdad, pende de un hilo.
A nadie le interesa que haya una caída tan brutal del dólar, pues se podría acentuar la deflación, por eso están haciendo todo lo posible para evitar su derrumbe. Tampoco la caída del dólar le interesa a los chinos, que tienen muchos dólares en este momento, y que necesitan al dólar para realizar muchas operaciones. Pero, en el contexto de la tendencia económica mundial actual, ¿Qué preferirías tú, dólar o yuan?
Ariel Noyola Rodríguez: El yuan, sin lugar a dudas…
Theotonio dos Santos: Evidentemente, es una moneda que se valoriza, cuyo rol en la economía tiende a crecer. El dólar en cambio, es una moneda en decadencia, no paga interés alguno por los títulos de deuda pública norteamericanos. Estados Unidos es un país deudor absoluto. La deuda pública es equivalente al tamaño de su PIB, la deuda misma que el gobierno acepta como tal.
Las deudas que tú mencionas son deudas emitidas por otros agentes sociales, económicos, que el gobierno puede claro, entrar a patrocinarlas, también en un cálculo de que si no lo hacen se haría más profunda la crisis del dólar. Y evitar el colapso del dólar sería mejor para China, pero también para casi todos los jugadores (players) mundiales. Sin embargo, si el yuan consigue mantener ese nivel de ascenso, en unos 10 años podría llegar a 30%, muy próximo a alcanzar 50%. Y cuando llegas a más de 50% entonces puedes emitir moneda, que es lo que hace Estados Unidos. Las previsiones actuales apuntan hacia esa dirección.
Ariel Noyola Rodríguez: Aunque bueno, quizás las contradicciones del desarrollo capitalista de China entorpezcan el ascenso del yuan como moneda de reserva mundial. El Banco Popular de China ha disminuido en varias ocasiones la tasa de interés de referencia, lo mismo el nivel de encaje de los bancos, precisamente para evitar una mayor desaceleración de la economía, apuntalar la provisión de crédito, e impedir a toda costa que la deflación contagie a su industria manufacturera.
Por otro lado, desde que China comenzó a devaluar el yuan, en agosto de 2014, su banco central se ha visto obligado a ocupar una tercera parte de sus reservas internacionales en la defensa de la estabilidad del tipo de cambio, como una consecuencia sí, en parte de los ataques de los especuladores, pero también por cierta desconfianza de los inversionistas en torno a su fortaleza financiera ¿Considera usted que hay riesgos de que estalle una crisis financiera en China por el agravamiento de las contradicciones de su desarrollo capitalista?
Theotonio dos Santos: No, no veo perspectivas de una crisis financiera en China. Ese tipo de problemas son cuestiones de política monetaria, una política que no busca apreciar el yuan fuertemente. El tipo de cambio yuan/dólar no tiene que ver tanto con la política china, es el resultado de las interacciones del mercado financiero mundial. Los chinos quieren que la apreciación de su moneda sea lenta. Y evitarían sin duda que la crisis del dólar fuera tan grande si ellos estuvieran en condiciones de comandar la política económica mundial. Estados Unidos necesita del apoyo chino para poder evitar la crisis del dólar.
La crisis del yuan no sería un problema grave porque no tendría que ver con la tendencia económica de China, que está invirtiendo en el mundo entero, creando mecanismos propios, de préstamos, de inversión, etc. Entonces para los chinos [la apreciación cambiaria] no es algo que ellos quieran apurar. Es un resultado de la mecánica de la economía mundial, derivada a su vez del rol histórico del capitalismo en su organización. Ahora bien, Estados Unidos puede tener más influencia en la economía mundial, y evitar una crisis más grave si teje alianzas con China, pero bajo una condición subordinada. Y es difícil pensar que los norteamericanos lo vayan a aceptar fácilmente.
Pero quizás sí lo hagan, en alguna medida. Por ejemplo, en cuanto a la renovación de la deuda de Estados Unidos, el presidente del Sistema de la Reserva Federal (FED) de ese momento fue semanalmente a China a discutir el asunto para evitar que China se deshiciera de sus bonos del Tesoro. Los chinos conservaron sus títulos, pero ya no compraron más. Pero para convencerlos de que los mantuvieran, Bernanke tuvo que ir semana tras semana a China, durante 1 mes, 2 meses.


La moneda de China, el yuan, podría estar en condiciones de competir cara a cara con el dólar de Estados Unidos dentro de una década.
Esto es una subordinación clara, tú depende más de ellos, que ellos de ti. Los chinos no fueron obligados a comprar más títulos respaldados en dólares, sino a renovar. Al renovar, China pide exigencias y condicionamientos. Los acreedores siempre imponen sus propias condiciones, sobre todo cuando la deuda es muy grande, porque hay un instrumento de poder muy importante, que es simplemente no pagar.
A nadie le conviene una caída muy fuerte de los títulos de la deuda pública norteamericana, que ya la hay de hecho, aunque no se habla mucho de eso. Nadie compra un título de deuda de Estados Unidos por lo que vale. Cómo vas tú a pagar 100% por un título que representa en realidad 60% de su valor original, menos aún. Para proteger el dólar es verdad que los norteamericanos necesitan a los chinos, sí.
Pero también hay que presentar esta situación desde el otro lado. Los norteamericanos también dependen de China, no es solamente que los chinos dependan de Estados Unidos. Sí, en cierta parte dependen. Es que los chinos no tienen interés en una depreciación masiva del dólar por la enorme cantidad de reservas que poseen, más de 3.3 billones de dólares. Ese es el gran problema.
Muchos sectores en Estados Unidos quieren una pelea con China porque aún piensan que son dueños del mundo. Piensan que hay que imponerse por la fuerza frente a los chinos. Pienso que sería un error muy grave. Y ese escenario no se desdoblaría solamente en el ámbito financiero.
¿Quién puede controlar esos fenómenos que tú citaste, y que obligarían a China a valorizar más el yuan? Bueno, China acepta que tiene que valorizar, pero no lo quieren hacer del todo, no quieren contribuir a eso. Excepto el sector financiero, ellos sí quieren que China entre rápidamente en el mercado financiero mundial en calidad de gran potencia. Cualquiera que sea la salida, creo que no beneficiará a Estados Unidos, en términos de recuperar su poder en el mundo, más bien será favorable para China…


Ariel Noyola Rodríguez es economista por la Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM). Twitter: @noyola_ariel.
The original source of this article is Global Research
Copyright © Theotonio dos Santos and Ariel Noyola Rodríguez, Global Research, 2016

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